Você já deve ter se perguntado para onde vão os carros que saem de circulação. No Brasil, 98,5% da frota nacional termina em desmanches e depósitos, segundo estimativa do Sindicato do Comércio Atacadista de Sucata Ferrosa e Não Ferrosa (Sindinesfa).
Isso porque no país não há uma legislação que torne obrigatório e regulamente o reaproveitamento de peças de automóveis, ao contrário dos Estados Unidos, Japão e Europa, onde há leis de reciclagem. No caso dos países europeus, as próprias montadoras são responsáveis por reutilizar os componentes dos veículos.
Além de benefícios para o meio ambiente, que sofre com o acúmulo de lixo poluente, a peça reciclada custa em média 30% a menos do que o componente comercializado na concessionária. O preço competitivo somado à atividade legalizada inibem também a ação dos desmanches ilegais, que são os principais destinos dos veículos roubados no Brasil.
“Mesmo sem a existência de uma legislação é possível viabilizar o projeto no Brasil, já que há interesse da cadeia produtiva na legalização da atividade de reutilização de peças”, afirma o diretor de operações do Centro de Experimentação e Segurança Viária (CESVI), José Aurélio Ramalho.
Uma situação muito semelhante ao do Brasil vive a Argentina. Para tentar diminuir as irregularidades na atuação dos desmanches e a ligação com o furto de veículos, em 2005 foi implantado no país vizinho um centro de tratamento de veículos fora de uso, que recicla peças de 250 veículos por mês e já atingiu a marca de 25 mil componentes reaproveitados.