O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ameaçou expulsar o fabricante de carros japonesa Toyota a não ser que produza modelos 4X4 que são utilizados para o transporte público nas áreas pobres e rurais.
O socialista disse que não hesitará em expulsar e apropriar-se das fábricas de outras montadoras norte-americanas e asiáticas que operam na Venezuela se elas não compartilharem tecnologia com empresas locais.
Além da Toyota, a também japonesa Mitsubishi, a sul-coreana Hyundai e a norte-americana General Motors têm fábricas no país, cuja população é conhecida por sua paixão por carros.
"Por que a Toyota não quer produzir o modelo rústico aqui?" indagou Chávez, durante uma cerimônia em Caracas para dar a proprietários as chaves de carros produzidos de maneira econômica que o governo venezuelano importou da Argentina.
"Temos de forçá-los. E se eles não quiserem, eles devem sair e vamos trazer outra empresa. Os chineses querem entrar e produzir os modelos rústicos."
Durante os 10 anos em que está no poder, Chávez nacionalizou uma boa parte do setor produtivo da Venezuela, inclusive a indústria petrolífera. Ele diz estar realizando a revolução do Século 21, mas até agora não havia se aproximado das montadoras.
Ele voltou-se para a Toyota, maior fabricante mundial de carros, quando um motorista lhe disse que há falta de veículos 4X4 para servir as áreas rurais.
Chávez ordenou que seu ministro do comércio Eduardo Saman realize uma "inspeção séria" da Toyota e advertiu outras fabricantes de veículos para que comecem a compartilhar tecnologia com os venezuelanos.
"Diga às pessoas na Toyota que eles têm de produzir esse modelo e que vamos impor uma cota que se não for cumprida resultará numa punição", disse Chávez a Saman, acrescentando que o estado não hesitará e vai se apropriar de fábricas da Toyota e pagar uma indenização apropriada.
Porta-vozes da unidade local da Toyota, que opera uma montadora no Estado mais a leste de Sucre, não estavam disponíveis para comentar o assunto.
Mas uma fonte na empresa disse que a Toyota havia parado de produzir em 2007 o modelo em questão - identificado como Land Cruise 70 -, com o conhecimento do governo.
A empresa planeja importar o modelo, mas ainda não recebeu a licença para fazê-lo, acrescentou a fonte.
(G1)