Consumo
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Na postagem passada, disse que a maior dúvida sobre o Bravo por parte dos meus amigos próximos e virtuais, era como foi abandonar o câmbio CVT e encarar um manual.
Existe uma segunda dúvida que pode ser tornar a primeira se eu considerar além das pessoas que me conhecem, as pessoas anônimas que me questionam na rua e na internet, essa dúvida é o consumo.
Quando penso em consumo, faço uma reflexão que remete à época em que eu virei um motorista habilitado em 1997.
Nessa época, o consumo era avaliado e até valorizado, mas com um peso infinitamente menor, hoje, nem mencionam o consumo de uma Ferrari, porque quem tem grana para uma Ferrari, não tem problemas com combustível, na minha época de recém habilitado, isso acontecia com carros esportivos nacionais, mas era prontamente justificado por conta do desempenho, ou seja, um Vectra GSi poderia beber o dobro de um Santana, mas seu desempenho valia cada litro de gasolina queimado a mais por quilômetro rodado.
A coisa mudou, eu não sei valores exatos, mas lembro, que rodava quase 1000kms por semana e gastava pouco mais de um salário mínimo por mês naquela época, hoje, rodando o mesmo, gastaria mais de 2 salários mínimos, portanto, andar de carro ficou muito mais caro, e também temos outras despesas que não tínhamos antigamente, como conta de celular, internet, TV por satélite, remédio para pressão e etc, a esportividade deixou de ser um argumento bom o suficiente, isso explica o sucesso das versões "esportivadas" como a Sporting da Fiat e GT da GM/Volks que são meros modelos comuns fantasiados de esportivos.
No restante do mundo, o combustível é mais acessível, mas, mesmo lá, já começou a pesar, fontes de energia alternativas e tecnologias voltadas para a economia estão em alta em toda parte, principalmente na Europa.
É da Europa que vem o motor do Bravo e o conceito downsizing.
O conceito downsizing consiste resumidamente em diminuir o tamanho do motor (consequentemente o consumo e a emissão de poluentes), sem abrir mão da potência e do torque.
Um Chrisler PT Cruizer 2.4 16v rende 150cv, um T-Jet 1.4 16v rende 152cv e ainda tem a vantagem do torque máximo disponível durante uma faixa bem maior de rotação.
Com o auxílio de uma turbina e outras tecnologias, consegue-se uma potência até maior do que um 2.0 com o consumo de um 1.6 em um motor 1.4, todas as grandes montadoras europeias já aderiram ao downzising.
Lá na Europa a ideia é a eficiência, a economia e a baixa emissão de poluentes, aqui no Brasil a coisa é um pouco diferente.
Como as quatro portas, a refrigeração à água, os cabeçotes 16v, os câmbios automáticos e muitas outras coisas, o Brasil tem uma rejeição natural à inovações, logo, os “entendidos” começam a criar centenas de mitos sobre essas coisas que assustam o restante do público e atrasam a implantação dos mesmos. É por isso que estamos um passo atrás no que há de melhor no mundo inteiro.
As montadoras sentem medo de investir em tendências mundiais porque o pioneirismo é uma aposta arriscada e pode virar uma cicatriz na marca para sempre, quem nunca ouviu ou ainda ouve as maiores barbaridades sobre motores 16v até hoje? Pois elas vieram para ficar e já são unanimidade nas categorias mais sofisticadas, só existe um sedan médio com 8v no mercado e é o menos eficiente deles.
Com o downsizing não poderia ser diferente, ainda vamos demorar décadas para convencer o brasileiro que é melhor pegar um 1.4 Turbo de 150cv do que um 1.8 de 136cv.
Mas a Fiat trouxe o downzising mesmo assim, da mesma forma que trouxe as 16v no Tempra, o turbo no Uno e muitas coisas que ainda causam calafrios no seu avô.
Porém, quando peguei o Bravo, esperava o que se espera de um downsizing, um carro 1.4 com desempenho de 2.0 e consumo de 1.6, mas logo quando senti a tocada vigorosa e principalmente quando percebi o escalonamento curto das marchas, vi que a ideia da Fiat nada tem a ver com a eficiência e sim com o desempenho que só um carro turbinado pode proporcionar.
A sexta marcha que poderia ser uma marcha que você joga na estrada para baixar o giro e economizar combustível, está lá para te dar mais desempenho e consequentemente, melhorar a velocidade máxima.
Em sexta, a 120km/h, ele está girando a 3000RPM e ganha velocidade com facilidade se você pisar mais.
A primeira comprovação de que não tem nada de downsizing no Bravo foi essa, a segunda foi ao ver o computador de bordo marcando 5km/l na cidade, meu downsizing proporcionava um desempenho acima de um carro 2.0 e um consumo digno dessa superioridade.
Não divulguei essa marca porque sei que ela iria melhorar conforme o carro estivesse mais rodado, eu mais adaptado ao câmbio e principalmente, quando passasse a empolgação púbere de sair acelerando com o OVB acionado em toda oportunidade possível, outra vontade era medir com o ar-condicionado desligado, mas isso é praticamente impossível de fazer na minha região, por isso, deixei para depois.
Na semana seguinte, o consumo já era de 6,5km/l, ainda não tinha pego estrada com ele, a vontade de sair rasgando ainda não havia passado e desligar o ar-condicionado não era uma opção, o verão estava chegando, deixei o trip B ligado e sem zerar para saber o consumo médio total desde que o carro estava com 200kms rodados (deveria ter feito isso logo ao sair da concessionária, mas não tive idéia)
Na terceira semana, mudei de posto e fechei com 6,8km/l, o modo de condução foi o mesmo e eu desisti de medir com o ar desligado, vou passar o ano inteiro com ele ligado, então é esse o consumo que eu vou ter, não adianta saber como o carro funciona sem ar se eu só vou deixá-lo desligado durante 10 ou 15 ao ano.
Com a temperatura de Presidente Prudente, não dá para andar sem ar-condicionado

Na quarta semana, fiz uma viagem de 150kms, porém, aproveitei a estrada para medir a velocidade máxima dele, então, o consumo foi horrível, mas, pelo menos, rendeu esse vídeo.

Hoje, o Bravo está com 1700kms rodados, fiz uma viagem de 70kms no natal rodando com o piloto automático travado na velocidade limite (100km/h em alguns trechos, 110km/h em outros) e só ultrapassei esses limites quando precisava fazer uma ultrapassagem como qualquer pessoa dirige normalmente. Não resisti na saída do pedágio e dei uma arrancada, mas isso deve ter prejudicado muito pouco no consumo.
Ele teve uma média de 13,3km/l na estrada com o ar ligado, tudo isso pode ser conferido no vídeo abaixo (inclusive a arrancada que melhorou em relação à primeira)

Atualmente, o Bravo tem feito 7,5km/l na cidade com o ar ligado e exigindo do motor quando tenho oportunidade.
Na média total de 1500kms rodados foi de 8km/l, 1100 desses quilômetros foram na cidade e 400 na estrada, sempre com o ar-condicionado ligado e com o overbooster ativado sempre que tive oportunidade.
Nem a doutina downsizing nem o câmbio de 6 marchas buscam a economia nessa versão do Bravo, todo seu comportamento remete à esportividade, mas eu acho que tocando normalmente, consigo fazer 8km/l, talvez mais com o ar-condicionado desligado, porém, se depender do calor da minha cidade e do prazer que pisar fundo me proporciona, vou considerar 7,5km/l na cidade como o consumo definitivo.
Enquanto o álcool não voltar a ser uma alternativa viável, o consumo do Bravo é muito bom em relação à concorrência, principalmente se considerar o desempenho que ele proporciona.




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