Levantamento realizado pelo Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) indica que os dez veículos mais multados do DF acumulam 4.958 notificações e R$ 617.681 em débitos diversos, entre multas, impostos, licenciamento, seguro obrigatório e taxas.
O primeiro colocado no ranking tem 940 multas não pagas e um débito total de R$ 91.013,83. Segundo o Detran, as multas desse carro começaram a ser aplicadas em 2005.
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Golf dourado estacionado no pátio do Detran, na Asa Norte, tem 205 multas (Foto: Káthia Mello/G1) |
“Mais de 90% das multas são por causa de desrespeito ao limite de velocidade e avanço de sinal. Essa pessoa adota rotina de desrespeitar, ela já não trata o veículo como bem material, pois sabe que vai perdê-lo. Ninguém vai pagar dívida de R$ 90 mil em um veículo que vale R$ 10 mil”, afirma o diretor de Policiamento e Fiscalização do Detran-DF, Nelson Leite.
O número um da lista já foi procurado em casa, mas o endereço que consta no sistema do Departamento de Trânsito não é do proprietário do veículo. O Detran também não sabe se a pessoa registrada como proprietária do veículo é a responsável pelas infrações.
“Resta ao Detran ir atrás do local onde essa pessoa comete as infrações, mas esses pontos não são repetitivos. Não há uma rotina de uma pessoa normal, que todos os dias vai ao trabalho. As pessoas que fazem isso alternam caminhos e horários. É uma pescaria”, diz o diretor de Policiamento e Fiscalização.
O segundo colocado da lista dos mais multados, tem menos autuações, 578, mas a maior dívida entre os dez, R$ 91.267,86. O décimo colocado do levantamento tem 371 multas em aberto.
O perfil dos maiores infratores de trânsito do DF é parecido, indica o Detran. Além da falta de rotina nos itinerários e de o endereço informado ser geralmente inválido, o departamento acredita que muitos são compradores que não realizam a transferência de propriedade do veículo. “O veículo fica em nome do antigo dono, é ele que é punido, enquanto o condutor comete barbaridades.”
Busca pelos infratores
A operação Cartas Marcadas busca os maiores infratores do trânsito do Distrito Federal. Para a tarefa, conta com o serviço de inteligência do Departamento de Trânsito e a estrutura rotineira de fiscalização.
“O interesse da operação é ir atrás do condutor, por causa do risco que ele representa ao trânsito, porque ele é uma bomba-relógio, pode se envolver em um acidente a qualquer momento, matar alguém ou morrer. A preocupação maior não com a dívida que ele tem com o Estado”, destaca o diretor de policiamento e fiscaliza
Este ano, a operação localizou três dos 70 mais multados. Em outubro, na L2 Norte, foi encontrado o 35º da lista, com 207 infrações registradas e dívida de R$ 30 mil.
Em março, o Detran retirou das ruas o veículo do 5º motorista do Distrito Federal com maior número de multas. Ele tinha 630 infrações registradas desde 2006 e acumulava R$ 70 mil em dívidas. O carro foi flagrado na 114 Norte. O terceiro apreendido estava no fim da lista.
O diretor de policiamento e fiscalização diz que dificilmente esses motoristas serão presos. “O Código de Trânsito não enquadra como crime ter mais de cem ou duzentas multas, por exemplo. Não há como imputar criminalmente esses motoristas.”
Os condutores só são presos, explica Nelson Leite, se estiverem com a habilitação suspensa e, na hora da abordagem, tiverem uma conduta perigosa. Se esse não for o caso, o condutor é liberado e o carro apreendido.
Para retirar o veículo do depósito do Detran, o proprietário deve quitar os débitos anteriores e o gerado pela nova autuação, que incluem a multa por dirigir veículo não licenciado, taxa de guincho, taxa de vistoria e diárias do depósito.
Precaução
Para evitar que um comprador utilize um carro, não realize a transferência do veículo e cause transtornos ao vendedor por causa de multas e outros débitos, o Detran orienta os antigos proprietários a realizarem uma comunicação de venda ao departamento.
“Com essa comunicação de venda, a partir daquela data, ele se exime das responsabilidades do veículo. Toda vez que houver a cobrança de uma dívida, é possível entrar com o recurso e a pessoa se isenta do custo”, explica Nelson Leite.(G1)