Com a entrada franca, o Museu Militar Conde de Linhares, no histórico bairro de São Cristóvão, conhecido por ser o endereço da Família Imperial no Brasil a partir de 1808, foi tomado por um público interessado em ver e tocar os carros que contam um pouco da história da indústria automobilística do país e fazem parte da memória da sociedade.
"Enquanto estiver estressando pouco, a gente toca (o projeto). Quando estiver estressando demais, a gente pára", resume Guilherme Almeida, o G da sigla AMGH, dono de um Aero Willys. As outras letras são A de Armando Almeida, dono de um Chevette; M de Max Bezerra, dono de um Puma; e H de Hélio Gomes, que expõe um Fusca. A história do grupo está na internet.
Armando Almeida explica que os quatros optaram por não formar um clube de carros antigos para evitar a rigidez dos regulamentos. Desde 2002, eles realizam um encontro mensal e, em junho, fazem reunião anual. O local é o de sempre – o Museu Militar, que tem um rico acervo de veículos militares.
Para estacionar o seu carro entre os tanques, jipes e caminhões militares, o proprietário tem que provar que o seu veículo antigo tem mais de 25 anos de fabricação. Os quatro amigos contam que sempre tiveram o apoio dos militares do museu, que cedem o espaço e põem o seu pessoal de serviço para controlar a multidão que vai ao local e estaciona seus carros novos nas imediações.
Este ano, a única montadora sediada no Rio de Janeiro, a Peugeot Citroën, ajudou na patrocínio do encontro, mas, por estratégia, optou por não fazer qualquer interferência no evento. A companhia criou uma área exclusiva para exibir um Citröen 2 CV Charleston, do ano de 1990, da última série de fabricação, já na unidade de Portugal, e um dos seis a chegar ao Brasil. Lembrou ainda que o primeiro carro a rodar em solo brasileiro foi um Peugeot, importado por Santos Dumont, que trouxe também um segundo Peugeot.
Entre os carros em exposição, o que mais atraiu interessados foi o Jaguar MK4, do ano de 1948, todo original. O proprietário Fernando Afonso explica que o modelo foi criado, na verdade, antes da II Guerra Mundial porque, passados apenas três anos do fim do conflito, ainda não havia sido retomado o desenho de novas unidades.
O Jaguar tem 3500 cilindradas, freio mecânico, caixa de ferramentas no porta-malas, teto solar, câmbio no piso e mais dezenas de detalhes feitos pelo cuidadoso trabalho do fabricante.
Um carro com quem o dono mantém forte ligações afetivas é o Gurgel Ipanema, do ano de 1970, pertencente à família de Valfredo Gustavo.
Comprado pelo seu pai dele, em 1968, o carro foi entregue dois anos depois, em 1970, e cinco anos antes de Gustavo nascer. Ele leva, na carteira, um foto do pai e da mãe trocando um beijinho à beira mar e a bordo do Ipanema de 1970.
"Eu já tentei saber quantos desses ainda existem, mas me perdi. Sei que tem um em Niterói, teve um outro que o cara comprou e escondeu na garagem de casa", conta Gustavo. Diz ele, sem se preocupar com exatidão nos números, que, no primeiro ano, foram produzidos " 560 e tantos" Ipanema e, no seguinte, "uns 200 e tantos".
(G1)