Ford T - 100 anos
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Ford T - 100 anos



Há cem anos Henry Ford começava a popularizar o automóvel no mundo com o lançamento do modelo T. De 1908 a 1927 foram comercializado 15 milhões de unidades do automóvel que revolucionou a industria automobilística.

Para comemorar o 100º aniversário do carro, que foi eleito em 1999, por um júri de 133 jornalistas, como o Carro do Século, a Ford realizará vários eventos durante o ano. O primeiro aconteceu neste final de semana com o Concurso de Elegância de Amélia Island, nos Estados Unidos.

O primeiro Modelo T foi produzido no dia 1º de outubro de 1908. Ele foi um marco por se tratar do primeiro automóvel de baixo preço e produção em massa, com a oferta de peças para reposição. Ele tinha motor de quatro cilindros, de 20 cv, pesava 540 kg e atingia a velocidade máxima de 72 km/h, com consumo de 5,5 km/l a 9 km/l de gasolina.

Até 27 de maio de 1927 foram produzidas 15 milhões de unidades. Neste dia a Ford decretou oficialmente o fim da produção do carro que Henry Ford chamava de “universal”.

Estão programados dois grandes eventos para os próximos meses nos Estados Unidos. Dia 20 de abril, o Modelo T estará exposto no encontro “Fords Fabulosos para Sempre”, na Califórnia.

De 21 a 26 de julho haverá a Festa T 2008, promovida pelo Clube do Ford Modelo T da América, no estado de Indiana. Devem participar cerca de mil unidades do Modelo T. Até agora já estão inscritos mais de 700 carros de vários países como Reino Unido, Noruega, Austrália e Nova Zelândia, além dos Estados Unidos.

Ford T a álcool

Um Ford empoeirado de quatro cilindros com faixas toscas amarradas na lateral, dirigido por um motorista de capuz, óculos de proteção e guarda-pó, é o carro mais antigo de que se tem notícia a rodar com álcool no Brasil.

Em agosto de 1925 o Ford percorreu 230 km em uma corrida no Circuito da Gávea, no Rio de Janeiro, na primeira prova automobilística realizada pelo Automóvel Clube do Brasil. O consumo foi de 5 km/l. No mesmo ano, o carro fez os percursos Rio-São Paulo, Rio-Barra do Piraí e Rio-Petrópolis.

O combustível era álcool etílico hidratado 70% (com 30% de água). "Era quase aguardente", diz o químico Abraão Iachan, assessor da diretoria do Instituto Nacional de Tecnologia (INT). A cachaça tem entre 38% e 54% de álcool na sua composição.

As primeiras experiências com esse carro ocorreram na Estação Experimental de Combustíveis e Minérios (EECM), organismo governamental de pesquisa que se transformou no INT, em 1933. A motivação da época não era muito diferente da de hoje.

O presidente da época, Epitácio Pessoa (1919-1922), já reclamava em 1922 da "colossal importação de gasolina no Brasil", aludia ao "uso do álcool em seu lugar" e previa o "amparo que a solução prestaria à indústria canavieira". O governo seguinte, de Arthur Bernardes (1922-1926), encomendou à EECM um projeto de desenvolvimento de motores a álcool, que pudesse também servir de base para legislação sobre o assunto.

O diretor e um dos criadores da EECM, o engenheiro geógrafo e civil Ernesto Lopes da Fonseca Costa, era um entusiasta do projeto. A coordenação dos trabalhos foi do engenheiro Heraldo de Souza Mattos, dublê de pesquisador e piloto de testes do velho Ford, obtido por empréstimo.

"Essas experiências tiveram por objetivo elucidar, entre outros, os seguintes pontos ainda mal conhecidos naquela época: causas prováveis das corrosões freqüentemente observadas nas diversas peças do motor alimentado com álcool; condições indispensáveis à perfeita carburação dos carburantes alcoólicos; consumo específico e fatores interferentes no rendimento térmico do motor", escreveu Fonseca Costa no prefácio do livro “Álcool motor e motores a explosão”, de Eduardo Sabino de Oliveira (Instituto do Açúcar e do Álcool, 1942).

A prioridade da EECM era como tornar viável a mistura do álcool com a gasolina importada e não substituir inteiramente um combustível pelo outro. Essa mistura passou a ocorrer obrigatoriamente na década de 1930, com várias leis municipais, estaduais e federais que estabeleciam a adição de 5% a 10% de álcool à gasolina.

Nos anos 1920 o Brasil produzia 150 mil litros do combustível derivado da cana, fabricado em pequenas destilarias de aguardente. Nas décadas seguintes o país investiu na produção de álcool anidro (com pequena quantidade de água), mais adequado à mistura para motores a explosão.

O uso do álcool como combustível já estava na mira de diversas empresas e governos desde o início do século XX. O próprio Henry Ford, criador da indústria automobilística nos Estados Unidos, rodou com um Ford de 1914 abastecido com álcool. É famosa sua previsão para o New York Times, em 1925: o álcool seria o "combustível do futuro".

Na França havia pesquisas alentadas sobre o poder carburante do álcool em motores a explosão. E outros países, como Inglaterra, Alemanha, Holanda e África do Sul, tiveram experiências semelhantes, todos antes do Brasil.

Foi na segunda metade dos anos 1970 que o investimento científico e governamental no Programa Nacional do Álcool, o Proálcool, levou o país a se tornar a principal referência mundial nesse combustível por meio de experiências duradouras e economicamente bem-sucedidas.







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