A gasolina deixou de ser o principal combustível dos veículos leves no Brasil, trocando de lugar com o álcool, que já abastece mais de 50% dos carros em circulação, afirmou nesta terça-feira (23) o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa.
"Realmente a gasolina virou combustível alternativo. É agora o que era o álcool antes", afirmou Barbassa a jornalistas na sede paulista da estatal.
Segundo ele, o grande desenvolvimento do processo produtivo na indústria de cana-de-açúcar durante os últimos anos fez com que o combustível chegasse hoje a um valor para venda muito atrativo.
No início do mês, durante o Ethanol Summit, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, já havia abordado a questão e divulgou na ocasião estimativa da empresa de que o mercado de gasolina para veículos leves deverá cair para 17% do total até 2020.
De acordo com números da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), do total de carros produzidos de janeiro a maio, 88% tem motor bicombustível (flex), 7,8% usam só gasolina e 4,3% usam o diesel. Já a Agência Nacional do Petróleo traz números sobre a venda destes combustíveis no país. No mais recente levantamento, de janeiro a abril já foram vendidos 5 milhões de litros de álcool, 8 milhões de litros de gasolina e 13,4 milhões de litros de diesel.
Mas Barbassa disse que a empresa não está muito preocupada com esse aspecto do mercado, mesmo considerando os planos de construção de cinco novas refinarias no Brasil para os próximos anos."Estamos conscientes de que o álcool vai tomar mais espaço. Estamos preparados para isso".
Foco no diesel
Ele lembrou que o foco principal das novas refinarias será o diesel, combustível cuja produção no Brasil não é suficiente para atender a demanda. A Petrobras projeta que as duas grandes refinarias premium, previstas para serem construídas no Ceará e no Maranhão, produzirão até 65% de diesel.
Além das duas refinarias premium, a Petrobras vai construir uma no Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), destinada a produção de produtos petroquímicos, outra em Pernambuco, para atender o mercado regional de combustíveis, e uma de pequeno porte no Rio Grande do Norte.
A estatal segue com seus planos no mercado de álcool, onde pretende ter uma fatia na produção principalmente por meio de participações em companhias do setor.