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Hidrogênio, oxigênio e muito amor
Masaru Emoto, o sujeito sorridente da foto ao lado, é médico, mas não um médico qualquer. Ele é formado em medicina
alternativa pela Open International University for Alternative Medicine na Índia. Diga-se de passagem que a
Open University realmente faz justiça ao "
aberta" que ostenta no nome: para entrar é preciso apenas ter experiência em alguma medicina alternativa; para sair é suficiente apresentar cinco trabalhos ao longo do único ano de duração do curso e depois responder a um questionário durante o ano seguinte de residência. Aparentemente todo
stress deve ser evitado em um curso de medicina alternativa.
Mesmo com um currículo pouco impressionante, ou talvez por causa dele, Dr. Emoto tornou-se mundialmente famoso por defender a mirabolante idéia de que os pensamentos influenciam a água (!!).
Certo, deixa eu explicar melhor: segundo o Dr. Emoto a água é influenciada pelos pensamentos e emoções ao redor dela. Por exemplo, quando a água é resfriada em um recipiente no qual estão escritas palavras como "
morte" e "
você me dá nojo", os cristais de gelo formados são disformes e pouco ordenados; por outro lado se você escreve no rótulo palavras como "
amor" e "
gratidão" os cristais se arranjam de forma simétrica e bela. O mesmo padrão pode ser observado se a água é fotografada enquanto se solidifica ao som de uma bela sinfonia de Mozart (imagem superior), em oposição ao que acontece quando a água se cristaliza sob o som de um cavernoso
heavy metal (imagem inferior). (
Nota: pesquisadores que estudam a influência da música sobre os seres vivos (e agora os não-vivos) costumam assumir que heavy metal é o pior estilo musical a que se pode expor uma criatura. Eu discordo. Gostaria de ver o que aconteceria ao pobre líquido sob o som de Axé Music)
Mas isso não é tudo. O doutor Emoto está convencido que a água
bem tratada com palavras amáveis e orações (sim, orações) hidrata mais, aumenta a absorção de nutrientes pelo organismo e melhora o metabolismo. Por isso desenvolveu a Água Indigo, uma água
"geometricamente perfeita"
super-hidratante. A fórmula para produzir a Água Índigo é simples: algumas pessoas se reúnem de mãos dadas em torno da água e... rezam por ela. Evidentemente este tratamento VIP tem um preço à altura, que faz qualquer
Perrier parecer água de torneira; A garrafinha de 230 ml da água Índigo é vendida por inacreditáveis U$ 35,00. O consolo é que para aqueles que querem produzir água hexagonal em sua própria casa sem gastar tanto, Dr. Emoto oferece (U$ 129,00) a garrafa Water Star, capaz de transmutar o líquido em seu interior impregando-o com vibrações positivas.
Como se poderia esperar, as alegações do Dr. Emoto não são aceitas pela comunidade científica; não poque são extravagantes demais e sim porque não atendem aos requisitos mínimos do método científico. Só para início de conversa, Dr. Emoto não utiliza testes duplo-cego em seus experimentos. Além disso não há nenhuma menção em seus trabalhos de que tenha se preocupado em isolar as diversas váriaveis que podem influenciar a cristalização da água, como a velocidade de resfriamento, grau de pureza, vibração (como o provocado pelos graves de uma música heavy metal, por exemplo) etc. Alguém poderia até mesmo contestar a teoria de Emoto em seu próprio terreno místico-
new age. Um adepto da religião espírita por exemplo, poderia questionar o porquê da água reagir tão mal à palavra "morte", um conceito natural e necessário para a evolução espiritual. Ou talvez a água examinada tivesse sua própria religião.
Contestar os resultados experimentais de Emoto no campo científico é brincadeira de criança. Mais difícil é contestar outras de suas estapafúrdias alegações, como a de que a água pode vir, um dia, a ser usada como como combustível alternativo à gasolina, desde que
pelo menos 10% da humanidade esteja consciente do kan-sha (tradução livre do binômio "
amor e gratidão", em japonês, ao qual a água seria especialmente suceptível). De tudo o que
não se entende dessa afirmação, uma única pegunta: por que diabos
dez por cento!? Dr. Emoto explica:
"A razão pela qual eu digo 10% é porque esta razão aparece na natureza. Quando olhamos para o mundo das bactérias por exemplo vemos que 10% das bactérias são boas, 10% são ruins e 80% são bactérias oportunistas que podem pender para qualquer lado."
Eu não conheço muitos lugares do mundo, a não ser talvez a Open University, onde as bactérias sejam classificadas como "boazinhas", "malvadas" e "oportunistas", mas gostaria de ver alguém tentando distinguir uma das outras.
As pesquisas do Dr. Emoto receberam destaque no filme "
What The Bleep do We Know?" recente documentário picareta de auto-ajuda-pseudo-quântico-esotérico que fez enorme sucesso nos EUA. O engraçado é que o filme é tão sem noção, mas
tãoooo sem noção, que a água sentimental de Emoto passa quase despercebida. Realmente é meio difícil se sobressair num filme que apresenta um guerreiro da Lemúria morto há 35.000 anos falando de física quântica através de um médium, não é verdade?
Mas
essa história fica para depois...
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