Carros
iCities discute mobilidade urbana
A mobilidade urbana foi um dos pontos principais de discussão do Fórum Internacional iCities, que aconteceu em Curitiba na última quarta-feira (27/11). Apresentações sobre o uso consciente de automóveis, novas discussões sobre mobilidade urbana e mobilidade inteligente foram destaques no evento. Embora Curitiba ainda seja considerada modelo de transporte público, as ideias apresentadas foram consideradas fundamentais para melhorar o trânsito da cidade.
José Rui Felizardo, do Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automotiva, de Portugal, vê os veículos elétricos como o futuro. Contudo, o avanço tecnológico deve ocorrer no transporte público e gestão das cidades. "Não é possível pensar em carros elétricos sem pensar em transporte público. Eles devem estar no primeiro plano", afirmou. Simultaneamente à evolução do transporte, Felizardo defende o investimento em sistemas para que uma cidade esteja conectada, em infraestrutura física, de transporte e informativa. "O cidadão tem papel determinante. E uma cidade conectada permite avanços rápidos, que podem dar resultados claros. Por exemplo, se a sinalização das ruas fosse digital, ela poderia ser reorganizada de acordo com a necessidade", diz.
O raciocínio de Felizardo segue o adotado pelo engenheiro Celso Novais, chefe da assessoria de mobilidade elétrica sustentável da Itaipu. "As cidades inteligentes usam a tecnologia a favor da
mobilidade, com a implantação de sistemas de gestão e compartilhamento de veículos", afirma. Com a adoção da energia elétrica para os automóveis, algo que já ocorre em países como a Noruega, a
poluição será reduzida. Porém, segundo os debatedores, para que essa mudança seja possível, é preciso investir na infraestrutura das cidades.
Na avaliação do diretor de Relações Internacionais da Renault do Brasil, Antonio Calcagnotto, em 2025, cerca de bilhões de pessoas terão acesso a um veículo individual (o número atual é de 800
milhões), o que vai impactar diretamente no fluxo viário das cidades e na qualidade do ar. "Em algumas cidades do mundo, já existem restrições aos veículos tradicionais, mas não aos elétricos",
revelou.
Estudos indicam que os carros ficam em torno de 90% de sua vida útil parados - cerca de 22 horas por dia. Esse foi um dos dados apresentados na palestra sobre carros compartilhados, ministrada pela mestre em Gestão Urbana pela PUC-PR e arquiteta do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Luisiana Paganelli Silva. Ela apontou o novo modal como uma opção de mobilidade urbana para reduzir congestionamentos nas cidades. "A ideia é retomar o propósito inicial do automóvel: ser um facilitador", ponderou.
Integrante da startup de carros compartilhados Fleety, André Marim revela mudança na forma como a sociedade enxerga os automóveis. "Antigamente, os jovens gostariam de ter carros, pois era um
sonho de consumo. A partir da década de 1990, esse desejo mudou", diz. Em uma pesquisa realizada pela Fleety nas principais cidades do país, Curitiba apareceu entre os municípios com maior
disposição para usar carros compartilhados.
Marim atribui esse resultado ao fato de a cidade ter transporte público organizado, assim como quatro cidades americanas estudadas por Luisiana (Chicago, Portland, San Francisco e Seattle). Em
todas, a medida teve o apoio do poder público. "O suporte do governo é fundamental para o sucesso", diz a arquiteta. Entre as ações que a administração pode auxiliar estão a integração com o transporte público, suporte administrativo e econômico, abertura de vagas de estacionamento, planejamento urbano, cobranças e impostos.
Luisiana vê viabilidade no novo modal, desde que haja integração entre iniciativa pública e privada. "O governo, por meio da legislação, tem o poder de incentivar novos comportamentos. Contudo, para
ser um sucesso, o transporte público deve ser mais atrativo que o automóvel", diz. A arquiteta não enxerga as diferenças culturais entre Brasil e EUA como impeditivo. "Ao adotar esse modelo, a
confiança e a colaboração surgem pouco a pouco. Nos sistemas já desenvolvidos, cada pessoa tem uma reputação, fazendo com que seja possível autorizar ou não o empréstimo", diz.
A ideia das cidades inteligentes diz respeito à eficiência dos centros urbanos, a partir de ações integradas entre governos, população e entidades públicas e privadas.
Uma cidade é considerada "smart" ou "inteligente" quando, estruturalmente, obedece a determinados padrões de inovação relacionados à comunicação, transportes, infraestrutura, sustentabilidade, uso
de combustíveis e recursos naturais, dentre outros. De acordo com as Organização das Nações Unidas (ONU), estima-se que mais de 6 bilhões de pessoas estejam vivendo em centros urbanos até 2050.
Publicado em Verdesobrerodas
Fonte: Paranashop
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