Fotos: Divulgação
É com o primeiro modelo a adotar o atual padrão estético da Chevrolet que a filial brasileira da General Motors quer resgatar o prestígio dos seus sedãs de luxo e conquistar compradores do Vectra que ainda não podem investir no Omega, que está com a importação suspensa, mas que tem a volta garantida pela montadora.
Mesmo com a carroceria moderna e (por enquanto) em sintonia com a sua matriz norte-americana o sedã luxuoso Malibu tem um nome tradicional. Não por causa da praia californiana, mas pela dinastia iniciada em 1964, como uma versão completa do antigo Chevelle. A geração que está chegando ao nosso país é a sétima.
O Chevrolet Malibu chega importado diretamente dos Estados Unidos (fabricado no Kansas) na única versão LTZ, com motor 2.4 16v Ecotec, o mesmo usado no utilitário Captiva. A sua origem encareceu o preço e quase o inviabilizou por causa da ameaça do aumento de alíquota de importação do Brasil sobre produtos estadunidenses. Felizmente, o governo federal fez acordo e o imposto continua em 35%. Assim, o Malibu vem custando R$ 89.900, "apenas" cerca de nove mil reais mais caro que o Fusion, seu principal concorrente, com motor 2.5, que não paga o tributo por ser fabricado no México. Vai se posicionar no abismo entre os setenta mil reais do Vectra e os 110 mil do Omega.
Como o rival da Ford as linhas do Malibu são retas e conservadoras. No entanto, a sua dianteira de barra central na cor do carro, emblema dourado e faróis amedoados é mais atraente que aquela esquisitice cromada meio anos 80 do Fusion. A lateral tem colunas traseiras largas, o que faz a sobriedade do desenho. A tampa do porta-malas teve inspiração no Corvette. Não por causa das lanternas, que até lembram o nosso Pão de Açucar, mas pelos elementos circulares que abrigam a luz de ré, cujo espaçamento é igual ao do mito esportivo. A traseira levemente convexa também remete ao veterano.
O interior é sofisticado. O painel simétrico, com áreas destacadas para motorista e passageiro, segue o mesmo conceito usado tanto no Corvette quanto no nosso compacto Agile. O velocímetro, circular, fica no centro, junto com o display do computador de bordo, destacado do conta-giros e dos indicadores por uma moldura cromada, também presente nos demais instrumentos. A iluminação é azul, chamada Ice Blue.
O acabamento é razoável. Há apliques imitando madeira no console central e nas portas, mas tem muito plástico. Os bancos são de couro sintético. Perdoem-me os ecologistas de plantão, mas poderiam ser de couro natural pelo porte do carro. Outra falha de acabamento está na falta de apoio de braço no meio do banco traseiro. O cinto de segurança de três pontos não é desculpa para dizer que o sedã só leva quatro passageiros. E acaba entregando a ausência do encosto de cabeça do meio. O banco, bipartido, pode ser rebatido para acessar o porta-malas de 428 litros.
Antes de partir para os destaques positivos, mais umas críticas: faltou uma saída de ar condicionado para o banco traseiro. Em compensação há duas tomadas: uma de 12v e outra de 110v. O climatizador digital também não é de duas zonas (o painel não foi desenhado para ter dois ambientes na frente?).
Mesmo com todos os defeitos de acabamento e praticidade, o Malibu é um carro confortável. Até o espaço atrás é excelente, mas cuidado para não bater a cabeça no vão da porta. Além do ar condicionado, que pode ser ligado por controle remoto, tem bancos elétricos, com oito memórias para o motorista e seis para o passageiro e ainda podem ser aquecidos (bom no inverno, mas inútil no verão, a não ser se o ar condicionado estiver muito forte). A direção é elétrica e o som toca CDs, MP3, tem sensor Bluetooth, entrada USB e oito alto-falantes da marca Bose e ainda pode ser comandado no volante. Também tem piloto automático, aliás, controle de velocidade. Tudo isso de série. O baixo nível de ruído é garantido pelo eficiente isolamento acústico e os vidros laterais laminados como o para-brisa, que neste caso é obrigatório.
O câmbio é automático de seis marchas e tem opção de mudanças sequenciais no console ou nas borboletas em cada lado do volante. O motor 2.4 Ecotec de quatro cilindros e dezesseis válvulas rende 171 cavalos de potência e pode ser ligado pela chave. Com ele, o Malibu acelera de 0 a 100 km/h em 10,9 segundos e chega aos 194 km/h. Razoável. Mas fraco para um carro projetado para o motorista. O consumo agrada um pouco: 9,4 km/l na cidade e 14,5 km/l na estrada.
Para a segurança dos ocupantes, o Malibu traz de série controle de tração, controle eletrônico de estabilidade, monitoramento da pressão dos pneus (as rodas têm aro 18 polegadas) no computador de bordo, seis airbags (dois frontais, dois laterais e dois de cortina), freios ABS com EBD (Distribuição Eletrônica de Frenagem) e Panic Brake Assist (Assistência de Frenagem em caso de Pânico), alarme e acionamento automático dos faróis ao crepúsculo. Todos incluídos no preço também.
Além do Ford Fusion, o Malibu mira no Hyundai Azera, Toyota Camry, Volkswagen Jetta, Honda Accord, Citroën C5 e nos futuros Kia Cadenza e Hyundai Sonata. Para dar um pouco de exclusividade, a Chevrolet trará apenas 200 exemplares por mês.
O Malibu tem defeitos que não são poucos, mas também tem muitas qualidades que conseguem superar os pecados. Só é estranho que a Chevrolet tenha feito um carro executivo que beneficie mais o motorista e o carona. Deve acreditar que seu comprador dirija o seu carro sozinho ou com a família.
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