GENEBRA/ESTOCOLMO (Reuters) - Ferdinand Piech deu dois grandes passos nesta segunda-feira em direção a um império automotivo global, unindo a montadora sueca de caminhões Scania à Volkswagen e preparando a Porsche para assumir o controle total da VW.
A ousadia coloca Piech -- presidente do conselho da Volkswagen e cuja família austríaca controla a Porsche -- como arquiteto de um grupo que fabrica desde pequenos carros e automóveis de luxo a pesados caminhões. A VW assumiu o controle da Scania, num acordo de 4,4 bilhões de dólares que a deixa mais próxima de seu objetivo de criar a líder de mercado em caminhões na Europa.
"Esse é um grande avanço para todas as partes envolvidas", afirmou o presidente-executivo da Volkswagen, Martin Winterkorn, durante conferência em Estocolmo, enfatizando que as dúvidas sobre a administração da Scania foram esclarecidas. "Alguém poderia dizer que a empresa tem estado em jogo desde janeiro de 1999. Um período muito grande", afirmou o presidente-executivo da Scania, Leif Ostling, referindo-se a uma oferta da Volvo que não passou pela aprovação das agências reguladoras antitruste da Europa.
O mercado mal tinha digerido a surpresa quando a Porsche anunciou que iria aumentar sua participação votante na VW, de 31 por cento para a maioria, mas que não pretendia fundir as duas montadoras. Em reunião extraordinária, o conselho da Porsche autorizou o esperado movimento que representa um investimento adicional de 10 bilhões de euros (15,17 bilhões de dólares).
"Nosso objetivo é criar uma das mais fortes e inovadoras alianças do setor automotivo no mundo, que esteja à altura da crescente competição internacional", afirmou Wendelin Wiedeking, presidente-executivo da Porsche. O aumento para mais de 50 por cento não cria a necessidade da Porsche fazer uma oferta total pela VW porque a empresa já fez uma oferta de preço mínimo legal no ano passado acatada pelos investidores.
"Ainda acredito que no longo prazo veremos a Porsche baseada em três pilares: carros esportivos (Porsche), carros (VW) e caminhões (VW/MAN/Scania)", afirmou o analista Michael Punzet, da DZ Bank, em nota aos clientes.
Contudo, Piech, da Volkswagen, afirmou nesta tarde que não haverá uma fusão entre a MAN, Scania e VW.