Edmilson Mendes estava sentado na varanda da casa do cunhado, Antônio Campos de Faria, na sede da Fazenda Coelho, que fica à beira de uma estrada em Pedra Branca, Ceará. Às 9h desta quinta, foi surpreendido pela visita de um carro que mais parecia uma nave espacial: o Volkswagen Race Touareg 2, do americano Mark Miller, que compete no Rali dos Sertões.
O que parecia impossível aconteceu. O carro, dito resistente, quebrou. Uma falha no turbo do motor causou a pane. Mecânicos da Volks correram até o local e fizeram o conserto ali mesmo. Com o imprevisto, Miller demorou mais de uma hora e meia para completar seu deslocamento até a linha de largada, a etapa foi até Mossoró (RN), atraso que geraria confusão.
Vendo que o americano não chegaria a tempo, o diretor de prova, o português Jaime Santos, retardou a largada em 30 minutos, causando revolta entre os outros competidores. Pelas regras do Rali, se um carro demora mais de meia hora, além do tempo total do deslocamento (uma hora e meia nesse caso), para chegar à largada, recebe punição severa. A expressão para quem não larga e forfetar. Os forfetados recebem o tempo total da prova, como se tivessem chegado em último lugar. Mas isso não ocorreu com Miller.
Pelo rádio da organização, o diretor de prova explicou que a largada foi atrasada por segurança. Miller compete na categoria FIA, que engloba mais cinco carros. A disputa entre eles vale pontos para a Copa do Mundo de Cross-Country.
Por serem mais velozes, os carros dessa classe largam na frente dos outros, independentemente de sua colocação no dia anterior. Segundo os organizadores, seria perigoso colocar um Touareg para largar atrás de um carro menos potente.
Com essa mãozinha, Miller terminou a especial ontem em quarto.