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Retrômobilismo#92: Chevrolet Kadett - o GM de sucesso que mostrou como seria os anos 90 no fim dos anos 80!
O Chevrolet Kadett é conhecido da maioria dos brasileiros. Ele foi vendido de 1973 a 1992 como Chevette. Aquela geração era a C, mas a que chegou ao Brasil com o nome original foi lançada apenas em 1989, como um dos mais modernos e tecnológicos carros médios da época. Lançado em Abril daquele ano, o Kadett quebrava o jejum de 5 anos do Brasil sem lançamentos inéditos e quando a GM lançou o Kadett, se tornou um dos mais modernos e tecnológicos. Isso em 1989, já com a tendência dos anos 90, o que influenciou o seu sucesso imediato quando foi lançado. O Kadett era oferecido nas versões SL, SL/E e GS, sendo essa última a versão esportiva do Kadett e que é a mais lembrada do hatch, que era vendido apenas com carroceria de 3 portas, mas na Europa ele tinha opção de 5 portas. Com coeficiente aerodinâmico baixo de apenas 0,30Cx, impressionava pelo arrojo de suas linhas. A versão GS tinhas rodas de liga leve com aro de 14" polegadas, para-choques na cor da carroceria, faróis e luz de neblina, saia lateral, aerofólio traseiro, lanternas frisadas, dupla saída de escape entre outros. Seus maiores rivais eram o Volkswagen Gol GTi e o Ford Escort XR3.
O interior do Kadett lembrava um pouco do Monza, o que faziam os consumidores verem o Kadett como um "mini Monza". Os bancos tinham ajuste de altura e o painel tinha computador de bordo com check control. Na versão GS tinham bancos Recaro, volante esportivo de três raios, diferente das demais versões tinham o volante com forma de "V" invertido, instrumentos com iluminação vermelha entre outros. O motor era o mesmo do Monza, o 1.8 a álcool ou a gasolina, que desenvolvia 95cv de potência com torque de 15,2kgfm. Já a versão GS usava o 2.0 8v, que não trazia injeção eletrônica e trazia 110cv de potência quando abastecido com álcool e torque de 17,3kgfm. A versão esportiva tinha ajuste na transmissão, freios e suspensão. Essa última ainda trazia ajuste na suspensão traseira, através de um sistema pneumático (bolsas de ar nos amortecedores), calibrados em postos de combustível, como se fosse um pneu. O GS tinha câmbio com relações mais curtas e próximas entre si, para o engate mais rápido. Além disso ele tinha molas, pneus, amortecedores e estabilizadores mais firmes. Isso ajudava muito em seu comportamento dinâmico, mas prejudicava o conforto.
O tanque de combustível de apenas 47 litros fazia o Kadett GS ir constantemente a um posto de combustível. Com álcool, ele mal conseguia rodar 200km de autonomia, com um exagerado consumo de 5km/l. Para sanar isso, em Junho de 1990 a Chevrolet lançava um diferencial mais longo e pneus de perfil mais alto, além de alongar as trocas de câmbio. Além disso a Chevrolet lançava a opção a gasolina do GS, que entregava 99cv com gasolina, com torque de 16,2kgfm, que dava maiores incentivos fiscais. Em Março de 1991, o presidente Fernando Collor retirava os ativos financeiros e as vendas de automóveis desabavam. Para sanar isso, a GM lançava a versão Turim, em alusão a Copa do Mundo da Itália, que tinha estilo de GS mas com motor e acabamento do SL/E. Ele tinha bancos Recaro com revestimento aveludado em tom preto, aerofólio traseiro, rodas de alumínio usinadas e pintura em preto na lateral, que "unia" os para-choques dianteiro e traseiro, mas faltava a direção assistida. A versão que era série especial, acabou sendo estendida até o ano seguinte. Em 1990 a Chevrolet apresenta o Kadett Conversível no Salão do Automóvel de São Paulo de 1990, além de opção de teto solar para as versões SL/E e GS.
Enquanto que em 1991 a Europa dizia adeus ao Kadett, o Brasil recebia injeção eletrônica, para entrar de acordo com as normas de emissões brasileiras. O 1.8 ganhava o sobrenome EFI e passava a desenvolver 98cv com álcool e 97cv com gasolina. A GM oferecia luz de aviso para troca de marcha, para um uso mais eficiente. O 2.0 passava a ser chamado de GSi, com injeção multiponto analógica, que desenvolvia 121cv e torque de 17,6kgfm. No visual, a versão GS trocava as luzes de direção dianteiras, que passavam a ser incolores. O encosto do banco dianteiro vazado e o quadro de instrumentos digital também eram novidades importantes para o Kadett, que reforçava a sua imagem de esportivo. Os freios a disco e sistema ABS seriam instalados ao hatch pouco tempo depois. A suspensão recebia amortecedores pressurizados que era suavizada por meio de buchas de borracha maiores. Porém a falta de um subchassi dianteiro fazia o Kadett perder em estabilidade. Era lançado oficialmente o GSi Conversível, assinado pelo estúdio italiano Bertone, mas sua produção levava seis meses, por que o assoalho e a parte dianteira iam para a Itália onde a carroceria era complementada e voltava ao Brasil para terminar o hatch, com a mecânica.
A capota era aberta ou fechada de modo manual e era bem acabada e recolhida diminuía o porta-malas em 100l para 290 litros de capacidade. O maior rival do Kadett GSi Conversível era o Escort XR3 Conversível, que tinha problemas com goteiras, algo que o rival da GM não tinha. A produção do Conversível durou até 1995, por ser difícil demais sua produção e pelo mercado restrito. Com a nova geração do Ford Escort e da chegada do Fiat Tipo, o Kadett 1993 ganhava apenas detalhes para detê-los, como o emblema da GM que ia para o capô, novas rodas de liga e saias laterais para a versão SL/E. Ganhava ainda freios traseiros a disco e transmissão automática de 3 velocidades como opcional. No mesmo ano o Kadett 1.8 passava a opção de ser movido a gás natural, restrito a frotistas e taxistas. A alimentação do gás era feita pela injeção multiponto, ficando a monoponto restrita ao combustível liquido. Em 1994 a Chevrolet renomeava o nome das versões SL e SL/E para GL e GLS, enquanto o tanque de combustível subia para 60 litros. Com o fim do Chevette e a espera do Corsa, a GM lançava uma série especial Lite, mais despojada. Na linha 1995 ele ganhava novo painel, com melhor aparência, porta-luvas mais funcional, controle elétricos dos vidros nas portas e no console.
O alarme poderia ser acionado na própria fechadura e um temporizador ajustável no limpador do para-brisa. No fim de 1995 os encostos dos bancos dianteiros deixavam de ser vazados e reguláveis. No mesmo ano a Chevrolet decretava o fim da versão GLS e GSi e no lugar entrava o Astra belga, importado. Com o aumento dos impostos de importação, o Astra se tornou caro demais e abria-se um buraco entre o Kadett e o Astra, que foi preenchido pela versão Sport com motor 2.0. Com injeção monoponto, o Sport tinha para-choques dianteiros e traseiros na cor da carroceria, com alguns detalhes do finado GSi. Entre elas estavam aerofólio, rodas de liga leve com aro de 14" polegadas, capô com saídas e ar e dupla saída de escape. Na linha 1996 ele ganhava sua única mudança mais significativa no visual, que trazia para-choques mais arredondados e na cor da carroceria, nova grade dianteira, lanternas fumês, volante de três raios do Vectra e perdia a luz que auxiliava o motorista para trocar as marchas. Em 1996 a produção do Kadett era transferida de São José dos Campos (SP) para São Caetano do Sul (SP).
Já um tanto defasado, o Kadett se alinhava com as novas regras do Proconve, em Janeiro de 1997. A injeção monoponto passava a ser de série em todas as versões no motor 2.0 8v, com potência de 110cv. Em Abril de 1997 a versão GLS retornava ao mercado com aparência idêntica a do Sport, mas não tinha aerofólio. O câmbio retornava a ter relações curtas, que melhorava sua aceleração, com melhores retomadas. Apesar do motor e do visual, a GLS não era enquadrado como esportivo pelas companhias de seguro, que diminuía sua alíquota. Na linha 1998, o Chevrolet Kadett era oferecido apenas na versão GLS e no fim de 1997 a station derivada do hatch deixava de ser oferecida. Para aposentar o Kadett no Brasil, a Chevrolet havia confirmado a produção da nova geração do Astra, apagando a má imagem do modelo importado. Foi até que em Setembro de 1998 a Chevrolet decretava o fim de linha do Kadett no Brasil, depois de 7 anos de abismo em relação a Europa. No Brasil, o Kadett era um carro com uma boa imagem e que marcou a GM da década de 90, mesmo sendo lançado um pouco antes disso. No Brasil, foram produzidos 459.068 unidades do Kadett em 9 anos, média de 51.000 unidades por ano.
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