A pátria de V8
Por Gustavo do Carmo / Fotos: Divulgação
Os norte-americanos adoram um motor V8. E a paixão nacional não pode faltar nos cupês esportivos compactos mais populares do país - os chamados pony-muscle-cars - fabricados pelas três principais marcas dos Estados Unidos: Chevrolet Camaro, Dodge Challenger e Ford Mustang.
Os dois primeiros foram lançados este ano. Já o Mustang é o veterano da turma e surgiu há quatro anos. Seu sucesso motivou o renascimento dos rivais. Os três têm em comum o estilo retrô totalmente inspirado nas carrocerias originais que fizeram sucesso na transição dos anos 60 para os 70.
O Chevrolet Camaro renasce dez anos depois que a carroceria da terceira geração deixou de ser produzida. Neste hiato, em 2006, foi apresentado um carro-conceito que fez tanto sucesso que finalmente este ano foi apresentado em versão definitiva, mas que só chega ao mercado no início do ano que vem. O Camaro 2010 tem linhas retas, muitos vincos laterais, saídas de ar também nas laterais, janelas estreitas, teto baixo, linha de cintura alta e ascendente na traseira, capô longo com um relevo longitudinal, grade estilizada escura, gravata dourada Chevrolet no centro, faróis redondos dentro de uma moldura quadrada e, atrás, tampa do porta-malas mais curta.
Motivada pela fama do protótipo do rival a Chrysler decidiu ressuscitar um modelo que estava há quase trinta e cinco anos adormecido e não teve reestilizações: o Dodge Challenger. Surgiu também como conceito no mesmo Salão de Detroit de 2006. Mas a sua versão definitiva já está nas ruas americanas. Curiosamente, o Challenger é quase um irmão gêmeo do Camaro se visto de perfil. A diferença está na frente mais fiel ao modelo de 1970: dois pares de pequenos faróis redondos, capô bem plano que termina com uma pequena franja na grade horizontal e a lateral com menos vincos. Atrás, enquanto o Camaro tem dois pares de lanternas retangulares com o logo Chevrolet no centro, no Challenger as mesmas são bem finas e horizontais. Os cromados são discretos. Aparecem no friso com o nome Dodge em baixo relevo na própria traseira e em formato retangular com contornos arredondados na grade, abrigando a identificação do modelo no canto esquerdo. Os pára-choques são na cor da carroceria e integrados a ela. Na frente, há um moderno par de faróis de neblina. Também são do presente as rodas de liga-leve que, dependendo da versão podem ter 17, 18 ou 20 polegadas.
De desenho mais antigo dos três, o visual retrô do Mustang já está dando sinais de cansaço. Sua origem está no modelo fastback de 1965. Se seguisse o estilo da versão 64, ficaria igual aos concorrentes, mas pode ser a solução para modernizá-lo. Os faróis (de único par) são grandes e circulares, o cavalo Mustang impera no centro da grade e atrás se destacam os pares triplos de lanternas e o bocal do tanque de combustível.
Por dentro, os três modelos guardam semelhanças com os seus originais no desenho do painel, revestimento das portas e formato dos bancos, mas com detalhes atuais como volante com controles multifunções (três braços no Camaro e no Mustang, quatro no Challenger), hodômetro digital, displays do computador de bordo, som e climatização e monitor do sistema de navegação. O Camaro tem uns instrumentos esportivos típicos do seu passado na parte da baixo do console central enquanto que o velocímetro e conta-giros ficam, cada um, em uma "caixinha" separada. O Challenger tem quatro instrumentos circulares e o Mustang dois grandes mostradores redondos, como os difusores de ar.
Como todo bom carro esportivo norte-americano, todos são equipados com motor V8 (pra quem não sabe, com oito cilindros em V), mas também são oferecidos com o "básico" V6. Quando chegar, o Camaro terá as versões de acabamento LS, LT e SS. Os dois primeiros com o V6 de 304 cavalos de potência e opção de câmbio manual ou automático (com comandos no volante) de seis velocidades. A tração é traseira. O V8 6.2 está reservado para o SS e a potência dependerá do câmbio escolhido. O automático terá um de 406 cavalos enquanto o manual, 428 cv. Ambos os V8 podem funcionar com apenas quatro cilindros para economizar combustível.
O Challenger já tem as versões SE com motor V6 3.5 de 250 cavalos com câmbio automático de quatro marchas, o R/T com o V8 5.7 Hemi com potência variando entre 372 cv, com câmbio automático de cinco marchas com controle no volante, e 375 cv com o manual de seis. Este motor é conhecido do Chrysler 300C comercializado no Brasil. O mais invocado é o SRT8, com um V8 6.1 de 425 cavalos, também com câmaras hemisféricas de combustão.
O Mustang tem motor V6 4.0 de 210 cavalos e V8 4.6 de 300 cv. A baixa potência dos motores de série é sinal, junto com o estilo, de que a idade já está pesando. Mas teremos novidades no ano que vem. Em compensação há as preparadoras Cobra e Saleen, que adicionam turbos e aumentam a potência em até 620 cavalos. Além disso, o Mustang é o único que oferece uma versão conversível que Camaro e Challenger devem ganhar em breve.
Equipamentos como ar condicionado, rádio por satélite, CD Player com MP3, conexão Bluetooth, entradas USB, sensor de estacionamento traseiro, sistema de partida remota do veículo, faróis de xenônio, airbags frontais de duplo estágio, laterais e de cortina, freios ABS com pinças aparentes Brembo, sistema de controle de estabilidade e tração, cintos de segurança com limitador de esforço e pré-tensionadores, entre outros, presentes de série ou opcionais nos três modelos (o Mustang é o mais simples) são outros detalhes do interior que fazem motorista e passageiro esquecerem o passado desses mitológicos modelos revividos que não conquistam ninguém sem um motor V8.