Três pilotos correndo pelo título de 2007. Este é o saboroso final do Mundial de Fórmula 1 no próximo dia 21 em Interlagos. E a diferença de pontos entre o líder Lewis Hamilton, o vice Fernando Alonso e o maior vencedor do ano, Kimi Räikkönen (5 vitórias) não permite previsões apressadas. A verdade é que as chances não são apenas aritméticas, mas concretas.
O público de Interlagos vai assistir a um duelo tático muito interessante entre as duas equipes que disputaram o campeonato passo a passo. E quando a Ferrari já parecia definitivamente fora da disputa, conformada em levar o título de construtores – embora nos tribunais, mas com toda a justiça – eis que surge, impávido, o homem de gelo, o finlandês Räikkonen, conquistando sua quinta vitória e apresentando suas credenciais para a finalíssima.
Dessa forma ficou mais distante, para Felipe Massa, a possibilidade de lutar por uma segunda vitória consecutiva em Interlagos. Sua primeira missão no GP Brasil será permitir que Räikkonen se distancie de Hamilton e Alonso.
A estratégia da Ferrari para o GP Brasil só tem um caminho: colocar Räikkonen na pole position – de preferência com Felipe Massa como um fiel escudeiro – e não há nada de depreciativo nisso para o piloto brasileiro – e fazê-lo desaparecer de vista em relação aos pilotos da McLaren. Conseguido isso, restará então aos ferraristas observar a atuação da dupla da McLaren. Para que Räikkonen leve o título, ele terá que contar com eventuais problemas nas duas McLaren. O finlandês ainda será um franco-atirador no GP Brasil de Fórmula 1. Mas sua cotação, sem dúvida, está mais alta.
É claro que a McLaren está em uma posição mais confortável. Hamilton leva sete pontos de vantagem sobre Räikkonen e Alonso, quatro. O inglês que errou e não conseguiu levar o carro até o final em Xangai, só depende dele mesmo para ser o primeiro estreante a tornar-se campeão mundial na Fórmula 1. Se Hamilton não der conta do recado, a McLaren ainda pode contar com Alonso, fazendo o espanhol aproveitar ao máximo a vantagem de quatro pontos.
(Antes que alguém reclame, digo que Giuseppe Farina ganhou mo título no seu primeiro ano, em 50, mas isso tem uma ressalva. Foi o primeiro ano ‘oficial’ da Fórmula 1 e, dessa forma, todos os pilotos eram estreantes. Não vale.)
Mas se a disputa – como é mais provável – ficar circunscrita à dupla da McLaren, como a equipe vai se comportar? Tenho impressão de que será de ‘maneira olímpica’. Para o currículo da equipe, além das simpatias e mágoas, o importante é ficar com o título seja com quem for. Uma derrota, depois de liderar com folga a maior parte do campeonato, seria catastrófrica para a escuderia de Ron Dennis que já perdeu o título de construtores por uma decisão da FIA.
Acho que Ron Dennis fará de tudo para que os dois saiam na primeira fila e terminem assim. Nesse caso, Hamilton seria o campeão. Mas se o inglês falhar e Alonso chegar na frente, Dennis – mesmo sem comemorar – respirará aliviado.
Esta decisão com três pilotos – fato raro e quase inédito – vai trazer para o Brasil todos os jornalistas que cobrem o circuito e, ainda mais algumas dezenas de profissionais da imprensa alertados pelo interesse provocado pela grande final. Estou empolgado com este desafio como Diretor de Imprensa do evento.
por Castilho de Andrade
(www.gpbrasilcom.br)