Reduzir as marchas para facilitar a frenagem é uma atitude pouco comum entre os motoristas. O grande mito é que como o motor eleva a rotação, o gasto de combustível é maior. Mas isso nem sempre é verdade.
O freio motor nada mais é que a prática de utilizar o próprio funcionamento do propulsor para ajudar a diminuir ou controlar a velocidade do carro. O motorista pode apenas tirar o pé do acelerador com o carro engatado ou ainda reduzir as marchas para evitar o uso excessivo do freio.
De acordo com o piloto de desenvolvimento da Pirelli, César Urnhani, as pessoas hesitam em usar esse método por causa da alta rotação do motor, que faz o carro ‘gritar’ e dá a sensação de que o veículo está ‘engolindo’ combustível.
“Mas, se o motorista reduzir as marchas e tirar o pé do acelerador, a injeção eletrônica entende que ele está desacelerando e reduz o envio de combustível para o motor. É o mesmo processo de descer com o carro engrenado”, afirma Urnhani. “Ou seja, estar com o giro alto não significa necessariamente que o carro está consumindo mais, porque o pé está fora do acelerador”.
Segundo o piloto de testes, usar freio motor não gasta apenas menos combustível, mas também permite economizar entre 15% a 20% os componentes do carro. “Imaginem o veículo em quinta marcha perdendo giro, o motor quer empurrar o carro para frente, enquanto o freios tentam parar o veículo. É uma briga de forças e quem perde nessa disputa são as peças do carro”, diz Urnhani. “Com a redução de marcha, as duas forças, motor e freio, estão trabalhando juntas para desacelerar o carro e o motorista não precisa pisar forte no pedal”.
Com uma pisada mais sutil, as chances de derrapar nas curvas também diminuem. “O pior momento de uma curva é a entrada, porque o motorista que carrega muita velocidade e não reduz as marchas no câmbio, corre um grande risco de rodar”, afirma o piloto de testes.”Com freio motor, a frenagem é mais progressiva e a transferência de carga é menor, o que minimiza as chances de derrapar”.
Para o estudante Leonardo Bernardino, optar pela redução de velocidade com a ajuda do câmbio é uma questão de costume. “Se eu tenho que frear bruscamente, seja na estrada ou no trânsito, eu não penso duas vezes e reduzo a marcha. Hoje é um procedimento automático”, diz Bernardino. “Além de sentir muito mais segurança com freio motor, eu não tenho necessidade de frear e depois voltar a acelerar, pois o carro contorna uma curva, por exemplo, com muito mais facilidade”.
(G1)