
Ao longo dos dois dias seguintes houve algumas apresentações memoráveis. Joe Nickell (foto) com sua fala mansa e precisa apresentou suas investigações de santas e quadros que choram e aproveitou para promover seu livro "Looking for a Miracle: Weeping Icons, Relics, Stigmata, Visions & Healing Cures". Sobre o "Milagre do Sangue" que brota da imagem de São Genaro na Itália e outros ícones similares (busque no blog CienCet) Nickell desenvolveu sua própria mistura de cera e mel de abelhas, que acredita ser uma explicação mais adequada do que a dos pesquisadores italianos. Richard Branham, com o trabalho "Seria Deus um Piadista Cósmico", basicamente nos provou que a Terra é um pouco mais velha do que dizem os criacionistas e especulou sobre os motivos que levariam Deus a criar a Terra há seis mil anos atrás com a aparência de 4,5 bilhões de anos. Luiz Gamez falou sobre as teorias conspiratórias e começou sua apresentação de maneira hilária nos convencendo que o CSICOP na verdade era um grupo que tenta dominar o mundo censurando a comunidade científica. Ernesto Gil Deza, oncólogo, provavelmente fez a melhor apresentação de todo o congresso, arrancando gargalhadas com comentários ferinos e inteligentíssimos sobre a própria medicina.
Enrique Márquez (foto), ilusionista, deixou que as imagens dos vídeos sobre cirurgias espirituais exibidas na televisão argentina falassem por si próprias. Foi chocante e revoltante. Um dos vídeos exibidos foi o do Cacique Raoni sendo recebido pelo presidente Sarney depois de supostamente curar o biólogo Augusto Ruschi com um ritual mágico (Ruschi veio a falecer meses depois). Enrique mais tarde me revelaria que já estudou os charlatães do lado de cá também, como Zé Arigó. Celso Aldao discorreu sobre o método científico e sobre porque pseudociência é uma coisa e ciência é outra. O que poderia ter sido uma apresentação sem surpresas, já que o público era composto de céticos de carteirinha que já conheciam bem o tema, acabou sendo genial graças ao talento de Aldao em comunicar de forma clara e agradável. Alejandro Borgo fez uma apresentação autobiográfica, quase confessional, mostrando como abandonou seus estudos de parapsicologia depois de anos tentando reproduzir os efeitos psi sem sucesso. Borgo foi brilhante mostrando como se pode aplicar o ceticismo e o método científico ao estudo dos fenômenos paranormais, e nos matou de rir contando como testou um homem que dizia ser capaz de excitar mulheres à distância... Diego Zuñiga e Pablo Capanna encerraram de forma genial falando sobre o papel da imprensa na difusão da pseudociência. De quebra fizeram todo mundo rolar de rir tanto com as manchetes equivocadas da imprensa espanhola - como "Câncer pode ser curado com Métodos Matemáticos" (!) - como com o sensacionalismo barato dos jornais chilenos, como na impagável foto de uma equipe do exército armada até os dentes em meio a selva, ao lado da manchete "Chupacabras cercado".