ANALISANDO - FIAT FREEMONT

Ao comprar a norte-americana Chrysler durante a crise econômica dos Estados Unidos, a Fiat ganhou no pacote o Dodge Journey, um misto de perua com minivan e utilitário esportivo.

Assim, tirou os frisos cruzados da marca original da grade e colocou outro horizontal com o seu emblema, trocou lâmpadas comuns nas lanternas traseiras por LEDs, desenvolveu um painel bem sofisticado e emborrachado e instalou um display colorido sensível ao toque. Pronto. Estava criado o Freemont para os europeus, que também foi escolhido para ser o primeiro utilitário esportivo da marca italiana à venda no Brasil.

O nosso é fabricado em Toluca, no México, e não cobra imposto de importação, nem foi afetado pelo polêmico aumento do IPI.

O Dodge Journey original, que vem da mesma fábrica, continua no mercado nacional e em breve ganhará o interior novo do italiano. Mas para diferenciá-lo do novo irmão gêmeo, fica só com o motor 2.7 V6, em duas versões: SXT, por R$ 99.900 e RT que custa R$ 107 mil.

O Freemont vem com motor quatro cilindros 2.4 16v a gasolina e também tem duas versões: Emotion, com cinco lugares, que sai por R$ 81.900, e Precision, de sete lugares, pelo valor de R$ 86 mil. Assim como o Journey, não tem tração integral, o que faz do Freemont mais um utilitário familiar (característica priorizada no comercial de TV) do que esportivo.

Os detalhes do Freemont vou contando nos próximos tópicos, que reestreiam a seção Analisando.

Tipicamente americano, é um estranho no ninho na linha Fiat, de linhas levemente arredondadas. Muito quadrado, vai se desatualizar rapidinho. 

É o maior destaque do Freemont. O painel é moderno, com encaixes bem-feitos, revestimento emborrachado e detalhes em alumínio.

Outro cartão de visitas. Além de poder acomodar sete passageiros, o passageiro da fileira do meio vai muito bem acomodado e com espaço de sobra para pernas e cabeça. Ele ainda pode ajustar a inclinação do encosto e a distância para o banco da frente. A terceira fileira, mais elevada, tem acesso razoável e é melhor recomendada para crianças.

Com a terceira fileira rebatida, o porta-malas comporta 580 litros. Bom, mas poderia ser maior para um carro de 4,88m de comprimento e 1,88m de largura. Se o dono da versão Precision estiver levando os sete passageiros, a capacidade cai para 145 litros. Em compensação, há 20 porta-objetos na cabine, inclusive dois de 5,9 litros em cada lado no assoalho. Quem precisa de versatilidade, tem 32 combinações de organização dos bancos para fazer. O assoalho fica plano. Se o Freemont for de um casal sem filhos que estiver fazendo alguma mudança, são 1.562 litros para o transporte. Se for um solitário carreteiro, o volume aumenta para 2.301 litros.

Como já foi dito lá em cima, o motor 2.4 16 válvulas é movido apenas a gasolina. Com quatro cilindros em linha, é construído em alumínio, tem variação do tempo de abertura das válvulas e rende 172 cavalos de potência. Seu torque é de 22,4 kgfm a 4.500 rotações por minuto. A potência é boa, mas será muito exigida por causa dos 1.755 kg da versão de cinco lugares e 1.809 kg da de sete. A transmissão é automática de quatro velocidades e tem controle manual sequencial. A tração é dianteira, o que significa que o Freemont não é um utilitário para o off-road.

Os números comprovaram a preocupação com o peso no rendimento. A velocidade só chega aos 190 km/h. A Fiat também anuncia uma aceleração de 0 a 100 km/h em 12,3 segundos para a versão Emotion (de cinco lugares) e 12,9 segundos para a Precision (a de sete). Na prática, a arrancada ficou na casa dos 13,5 segundos, de acordo com os testes das principais revistas especializadas (Carro e Quatro Rodas). A retomada entre 60 e 120 km/h ficou em 10,57 segundos, mesmo com o câmbio automático, segundo a revista Carro Hoje.

Infelizmente, o desempenho fraco não foi compensado no consumo de combustível. Segundo a Carro Hoje, fez 5.9 km/litro na cidade e apenas 10 km/l na estrada. Mesmo com gasolina. A Fiat foi exageradamente otimista ao anunciar média de 9,1 km/l e 15 km/l. 

Carro familiar tem que ser bem seguro. A Fiat seguiu a regra e recheou o Freemont de itens de segurança. Pelo menos na versão de sete lugares. A básica ficou devendo os airbags laterais e o cinto de segurança traseiro de 3 pontos para o passageiro do meio. Mesmo assim a Emotion vem com as bolsas frontais, encostos de cabeça dianteiros ativos, fixação ISOFIX para cadeirinhas infantis, freios ABS com distribuição eletrônica de frenagem e assistência hidráulica, controles de estabilidade e tração, sistema eletrônico anti-capotagem e controle de balanço de reboque, chamado TSC. A Precision adiciona os airbags laterais dianteiros e de cortina, elevação dos assentos laterais da segunda fila para crianças e cinto de três pontos para todos os passageiros. 

A frenagem medida pelas revistas fica na casa dos 25 metros a 80 km/h e 57 m aos 120 km/h. Para o peso do carro, até que está muito bom.

Conforto ****

O ajuste da suspensão foi focado nas condições (ruins) de piso brasileiro e na preferência dos nossos motoristas. Os amortecedores ganharam mais carga, os estabilizadores ficaram mais grossos para reduzir a inclinação da carroceria e buchas para absorver melhor as vibrações e irregularidades do piso. O objetivo foi conseguido.

O baixo nível de ruído é muito bom. Fica em torno de 62,9 decibéis a 120 km/h. A 80 km/h fica em 56,4 dBA. Os números são da Quatro Rodas.



Preço ****


Os R$ 81.900 pedidos pela versão básica Emotion, de cinco lugares, podem parecer muito, mas são pouco pela quantidade de equipamentos de série que o Freemont oferece. Com motor 2.4, custa menos que todos os concorrentes relacionados na lista abaixo, com exceção do Peugeot 3008 e o Citroën C4 Picasso. Com cilindrada igual só o Chevrolet Captiva, o Mitsubishi Outlander e o Toyota RAV 4. O Precision custa R$ 86 mil.

Chevrolet Captiva Ecotec 2.4 16v - R$ 91.792
Citroën C4 Picasso 2.0 16v - R$ 78.490
Citroën C4 Grand Picasso 2.0 16v - R$ 91.990
Honda CR-V 2.0 16v - R$ 85.700 (LX) e R$ 97.380 (EXL)
Hyundai ix35 2.0 16v - R$ 85.000
Toyota RAV4 2.4 16v VVT-i - R$ 92.500

Equipamentos de série ****


Além dos já citados recursos de segurança, que garantem a boa nota para a lista de equipamentos, um item de destaque, já na Emotion, é o sistema multimídia Uconnect, com tela de 4,3 polegadas touch screen com rádio, toca-CD, MP3, conexão com Bluetooth para viva-voz e entradas USB e auxiliares. A versão básica também vem equipada de série com seis alto-falantes, antena no teto removível, alarme anti-furto, ar condicionado digital de duas zonas, banco do motorista com regulagem de altura, bloqueio eletrônico da coluna de direção, sistema de entrada e partida sem a chave (que ainda tem telecomando com sistema anti-furto), computador de bordo, console no teto com espelho e porta-óculos, faróis com regulagem elétrica de altura, faróis e lanternas de neblina, ganchos de fixação de carga no porta-malas, retrovisores externos com anti-embaçamento, piloto automático, porta-copos iluminado, porta-luvas com iluminação e amortecimento, rodas de liga-leve de 16 polegadas, sensor de monitoramento da temperatura do motor, transmissão e pressão dos pneus, quatro tomadas de 12 volts, travas elétricas, vidros elétricos nas quatro portas, retrovisores elétricos, volante em couro com regulagem de altura e profundidade e com comandos do rádio, computador de bordo e piloto automático. As barras para bagageiro no teto são os únicos opcionais, custando 900 reais. 


Na Precision as barras são de série. A versão top ainda adiciona o ar condicionado de três zonas, banco do motorista com regulagem elétrica, sensores de estacionamento traseiros, retrovisores rebatíveis eletricamente e rodas de liga-leve de 17 polegadas. Os opcionais são o teto solar, por R$ 2500, e bancos em couro com aquecimento nos dianteiros e opções de cores preto ou bege, por R$ 2.200. 


O Freemont tem poucas opções de pintura da carroceria nas duas versões. A sólida é a Branco Caldo. As metálicas Cinza Sfrenato, Prata Argento e Preto Provocatore custam R$ 1.040.



Assistência ***

A Fiat oferece três anos de garantia e 560 concessionárias para manutenção, além do ingresso no clube de benefícios L'Unico, que inclui socorro mecânico ou reboque nos casos de furo de pneu e acidentes de trânsito, hospedagem e transporte alternativo para motorista e passageiros, transporte para revisões, carro reserva sem carência de tempo, reservas para shows e restaurantes e canal próprio de atendimento telefônico.

A assistência só perde pontos nos custos de manutenção. Para fazer a primeira revisão, o proprietário terá que desembolsar R$ 512. O pacote de peças também é muito caro. Coletado pela revista Carro Hoje, sai por R$ 9.533,11. Os concorrentes Honda CR-V e Kia Sportage, só para se ter uma ideia, pedem apenas R$ 6 mil. Outra comparação é no filtro de óleo. Com os 95 reais é possível comprar quase quatro do CR-V, que custa R$ 25.




Conclusão - 3,3 


O comercial da televisão diz que o Freemont é o primeiro SUV da Fiat. Não está errado. O Freemont é mesmo um utilitário. Mas poderia ser considerado um utilitário familiar, um FUV. Agradou nas características familiares como espaço interno, segurança, conforto, todos com quatro estrelas. Só o porta-malas que ganhou três. O custo-benefício é muito bom: preço e equipamentos, principalmente os de segurança ativa, também merecem quatro estrelas. O acabamento se destacou com nota máxima.

O motor 2.4 e o câmbio automático de quatro marchas são adequados ao SUV. Mas o carro mostrou-se pesado e, por isso, perdeu desempenho e gastou mais combustível, mesmo com gasolina. Imagina se fosse flex. O estilo também não agrada. É bem-vindo na Chrysler, mas ficou artificial dentro da Fiat. Apesar dos três anos de garantia, da ampla rede de concessionárias e do clube de benefícios, a manutenção é muito cara. Esses defeitos pesaram para que o Freemont ficasse apenas com três estrelas de média.


    Motor: Quatro cilindros, transversal, gasolina, 2,360 cm³, 16 válvulas

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