COMPARATIVO - HYUNDAI AZERA x KIA CADENZA

Ia fazer uma análise individual da nova geração do Hyundai Azera, sedã de médio-luxo que colaborou para o crescimento da marca sul-coreana no Brasil e que foi anunciado, solenemente no comercial, como o Carro de Um Bilhão de Dólares (custo do seu projeto). Entretanto, lembrei que ainda não tinha falado do Kia Cadenza, top de linha da marca conterrânea e substituto do esquisito e brega Opirus.

Como as duas são sócias em seu país de origem, mas fortes concorrentes no Brasil, por causa de suas empresas importadoras (CAOA/Hyundai e Gandini/Kia), resolvi fazer um comparativo entre os dois sedãs para acirrar a rivalidade.

O Kia Cadenza chegou primeiro ao país, na metade do ano passado. O Hyundai Azera desembarcou reestilizado no final do ano. Ambos têm em comum a plataforma, o motor V6 e o fato de serem vendidos em versão única, mas com dois pacotes de preço e equipamentos muito mal divulgados. 

As diferenças são muitas: Um tem estilo arrojado e outro sóbrio. Um é quase clone do modelo abaixo dele. Outro tem mais personalidade. Um tem motor 3.0 e outro 3.5. Um é o topo de linha da marca e outro caiu para terceiro na dinastia. O resto das diferenças (ou semelhanças) você verá nas próximas linhas.

Com linhas fluídas e aparência de cupê, o Azera evoluiu bastante em relação à geração anterior. Mesmo com estilo já cansado, o modelo antigo fez muito sucesso no Brasil. Principalmente quando começou a ser vendido por R$ 75 mil. Porém, o Azera perdeu identidade ao se parecer muito com o Sonata, sedã posicionado logo abaixo dele, que chegou a ser top da linha da marca, mas voltou para o segmento médio. Dentro da linha Hyundai comercializada no Brasil, o Azera agora está abaixo do Equus (que ainda não aparece no site da marca) e do Genesis.

Curiosamente, um detalhe estético do Azera anterior foi mantido no novo e serve para diferenciá-lo do Sonata, além do tamanho, claro: o vinco em relevo na lateral traseira. Outra marca de "nascença" é a régua vermelha entre as lanternas traseiras, horizontais, com o nome do carro. Na frente, o recorte da grade do Azera é mais reto em comparação com os contornos arredondados do Sonata. Os faróis também são mais ondulados.

Já o Cadenza tem em comum com o Optima a assinatura do alemão Peter Schreyer e a grade dentada, mas se diferencia pelo estilo mais sóbrio e elegante, contrapondo-se ao perfil esportivo do irmão menor. O teto é mais arredondado. Os faróis (mais triangulares) têm filetes em LED, assim como o para-choque dianteiro e as lanternas traseiras. O Cadenza possui mais personalidade dentro da linha Kia, mas é discreto perto do concorrente Hyundai. O que o leitor prefere? Arrojo ou personalidade? Melhor dar empate.

No interior, ambos são muito bem acabados e revestidos com couro e plásticos espumados. Mas pecam pela falta de GPS ou, pelo menos, uma tela colorida sensível ao toque. Os dois recebem o dono acendendo luzes nas maçanetas e soleiras das portas. O painel do Hyundai, com iluminação azul, é mais arrojado e abusa do alumínio. Mas comete um deslize ao expor o extintor de incêndio no lado do passageiro da frente, que tem que desviar sua perna direita dele. O interior do Kia usa luzes vermelhas, O desenho do painel parece antigo, tem apliques em imitação de madeira (ou em alumínio), mas é possível notar mais refinamento. O Cadenza abre o placar do comparativo.

Apesar do Cadenza ter 4,97m de comprimento e 1,48m de altura contra 4,91m e 1,47m do Azera e deste medir 1,86m contra 1,85m do rival em largura, os dois têm a mesma distância entre-eixos: 2,85m. Assim, o amplo espaço interno para as pernas, possibilitando cruzá-las, também é o mesmo. A altura e a largura, inclusive. Falando nisto, ambos comportam bem um passageiro no meio do banco de trás, mas o pé vai um pouco elevado sobre o túnel da transmissão.

Como tem acontecido com vários modelos recentes, a exceção do Chevrolet Cobalt, quem paga o preço pela boa acomodação do passageiro é o porta-malas. Um carro que tem quase cinco metros de comprimento merecia ter um bagageiro de uns 600 litros, no mínimo. Mas Hyundai e Kia ficam devendo. O Azera tem 461 litros, dez a mais que o Cadenza, de 451 l.

Na motorização, a matriz sul-coreana decidiu que os dois modelos não poderiam concorrer entre si. Assim, apesar da mecânica estrutural idêntica na suspensão (Independente, com McPherson na dianteira e multilink na traseira), freios (disco ventilado na frente e disco sólido atrás), tração (dianteira) e câmbio (automático de seis marchas com possibilidade de mudanças manuais na alavanca), o motor Lambda V6 do Cadenza é maior: 3.5 contra 3.0.

Desta forma, o Kia rende 290 cavalos enquanto o Hyundai entrega 250 cv e, por isso, se saiu melhor no desempenho, com aceleração de 0 a 100 km/h em 7,7 segundos contra 9,9 segundos e retomada entre 80 e 120 km/h em 4,9 contra 6,4 segundos. O Azera devolve a desvantagem no consumo: 7,9 km/litro na cidade e 12,8 km/l na estrada contra 7,1 e 11,4 km/l do Cadenza. Os números de aceleração, retomada e consumo, assim como os de frenagem e ruído, que você lerá abaixo, são da revista Quatro Rodas.

O Azera é o mais seguro, tanto por ter assistência de frenagem, airbags para os joelhos do motorista e apoio de cabeça central no banco traseiro, que o Cadenza não tem, quanto por parar mais rápido nas frenagens. A 120 km/h, o Hyundai rola até 58,3 metros depois de pisado o freio. O Kia para em 60,5 metros. No conforto, o Cadenza é mais silencioso, com 61,5 decibéis de ruído a 120 km/h. O Azera registrou 64,7 dBA.

Por pertencerem a um segmento de luxo, Cadenza e Azera trazem muitos equipamentos tecnológicos de conforto e segurança de série. Mas nada de inovador e que já não tenha em modelos menores.

O Kia traz de série na versão "básica" chave inteligente - que abre as portas e dá partida no motor apenas com a sua proximidade -, espelhos retrovisores elétricos com rebatimento automático, faróis com LED e facho duplo de xênon, rodas e estepe de liga leve de 17 polegadas, revestimento total de couro, bancos dianteiros e volante com ajustes elétricos, ar condicionado digital dual zone e aquecimento dos bancos, piloto automático, computador de bordo, rádio CD Player com MP3 e entradas USB, desembaçador automático dos vidros, sensores de chuva e luminosidade, sensores e câmera de ré com imagem no retrovisor interno, persiana elétrica  do vidro traseiro com acionamento automático, encostos de cabeça ativos, cintos de segurança com pré-tensionadores, airbags frontais, laterais e de cortina, freios ABS com distribuição eletrônica de frenagem (EBD) e controle de estabilidade (ESP). Custa R$ 119.900.

O Hyundai é mais barato, sai por R$ 109.920, com airbags frontais, laterais, de cortina e de joelhos para o motorista, freios ABS com EBD, alarme, acendimento automático dos faróis, bancos em couro, volante em couro ajustável em altura e profundidade, rádio CD/Player com MP3 e entradas, comando de áudio no volante, ar condicionado digital dual zone com saída para os bancos traseiros, bancos dianteiros e volante com aquecimento, desembaçador dos vidros, porta-luvas refrigerado, piloto automático, computador de bordo, cortina retrátil do vidro traseiro, faróis de neblina, lanternas e brake-light em LED e sensor de estacionamento.

Mas pagando esse preço o Azera não traz a chave inteligente, a iluminação do painel e das portas, a regulagem elétrica dos bancos e do volante, os faróis de xenônio e o controle de estabilidade, que estão reservados para a versão Completíssima, que custa R$ 125 mil.  Esta, por outro lado, vem com itens que o Cadenza não tem, como sistema de som com dez alto-falantes e disqueteira para 6 CDs, auxílio de saída em aclive e freio de estacionamento eletrônico (no Kia é acionado por pedal). Câmera de ré e sensor de chuva, presentes no Kia, não estão disponíveis nem na versão completa do Hyundai. As rodas do Azera são de 18 polegadas, independente da versão. O teto solar duplo panorâmico é opcional nos dois modelos, mas no Cadenza é um dos únicos opcionais, junto com o travamento em movimento das portas (que é de série até em carros médios), que eleva o preço do modelo desenhado por Peter Schreyer para R$ 124.900. O Kia também pode ser comprado com revestimento interno branco e aplique do painel em alumínio, por R$ 127.900. Com pintura branca sobe para R$ 129.900. 

Considerando as versões básicas, regra do comparativo, o Azera é o mais barato, mas o Cadenza traz mais equipamentos. A rede de concessionárias da Hyundai é maior, com 197 pontos contra 153 da Kia. Já as duas importadoras oferecem garantia de cinco anos.

Motor: Seis cilindros em V, longitudinal, gasolina, 2.999 cm³, 24 válvulas

Potência: 250 cv 

Aceleração de 0 a 100 km/h: 9,9 segundos (revista Quatro Rodas)

Velocidade máxima: 220 km/h (fabricante)

Consumo: 7,9 km/l na cidade e 12,8 km/l na estrada

Comprimento/largura/altura/entre-eixos: 4,91/1,86/1,47/2,85m

Porta-malas: 461 litros

Tanque: 70 litros

Preço: R$ 109.920 (básico) e R$ 125.000 (completo)

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