Carros
Cord no Brasil
Tenho enorme admiração pela marca americana Cord. Não apenas pelas inovações tecnológicas do grupo Auburn Automobile Company: O carro para mim tem uma mística e uma "personalidade" que sempre me deixaram admirado. E no Brasil? Pois bem: Temos alguns registros de automóveis da marca desde novos neste país. Uma curiosidade fica pela pouca presença de carros da marca, quando novos, em São Paulo. Em quase todas fotografias ou registros de época vistos no Brasil, a maioria dos então novos exemplares da marca desfilava no Rio de Janeiro. Pesquisando, descobri que o distribuidor da Auburn e Cord ficava no Rio de Janeiro, então capital brasileira!
Conforme anúncio de época, o distribuidor Auburn era Laudeonor Lopes, com Show Room e oficina situados na praia do Botafogo. Como a maioria já sabe, o Cord foi um modelo lançado em 1929 pela Auburn Automobile Company com o nome de seu então novo dono (Erret Cord). Ele e seu concorrente , o também luxuoso Ruxton, foram os primeiros automóveis americano com tração dianteira.
O modelo inicial era o L-29.Sobre este modelo no Brasil, temos conhecimento de apenas duas unidades sobreviventes: Um quatro portas fechado de 1929 (estava no interior do RJ e hoje está em Goiás) e um cabriolet de 1931 (em uma coleção paulista; parado há 30 anos, continua intacto até os dias de hoje, protegido por 1 kg de poeira). Pela lógica das importações - haja descoberta a existência de uma empresa representante da marca no Brasil -, com certeza vieram outros automóveis para cá. Infelizmente, acredito que todos os outros modelos que chegaram por aqui estão extintos. Após o encerramento da produção do modelo L29 com a grande depressão, a Cord só voltaria a ter um modelo em 1936.
E chegou com grande estilo: Eram os Cords 810 (125HP) e 812 (170HP). Produzidos em 1936 e 1937, foram um verdadeiro sucesso de vendas e de estilo. Abandonaram os motores Lycoming de 8 cilindros em linha, e adotaram os também Lycoming V8, com potências de 125HP ou 170HP (quando super alimentado com compressor, o Supercharger). As inovações não foram apenas estéticas: Além do belíssimo e moderno desenho de Gordon M. Buehrig, o 810/812 trazia suspensão independente no eixo dianteiro, o que foi uma grande inovação para um automóvel americano naquela época. Outra inovação foi o câmbio elétrico, que é bem conhecido no Brasil pelo nome Cotal (uma metonímia, dir-se-ia: o câmbio Cotal era usado em modelos franceses, como o Delahaye 135m) - este tem acionamento em uma pequena alavanca junto à coluna de direção, efetuando as trocas de marcha apenas com o dedinho, em seguida pisando na embreagem e a soltando.
Sabemos da existência de vários automóvel da marca desde novos no Brasil. Os remanescente são: Um preto Westchester Sedan que pertence aos filhos de um famoso comerciante de automóveis antigos do Ipiranga, já falecido; Um verde 812 Westchester Sedan Supercharger que foi totalmente destruído e saqueado no Museu Paulista de Antiguidades Mecânicas de Roberto Lee; Um vermelho 812 que está em Curitiba; Um Westchester vermelho no Sul (para restaurar); Um 810 Phaeton conversível no Museu de Bebedouro; Um Phaerton Supercharger na cor vermelha em São Paulo (em fase final de restauração após anos guardado em uma garagem). Além desses, há mais 04 modelos importados recentemente: Um Phaeton 812 bege; Dois Westchester brancos; Um Beverly preto.
Contando-se os dois L29, temos um total de 12 modelos da marca no Brasil. Incrível: Até a aparição de um Westchester preto em Águas de Lindóia, muitos acreditavam não haver nenhum automóvel da marca no Brasil a não ser um L29 Limousine!
Havia outros carros conhecidos e que sumiram. Muitos crêem que os carros foram exportados ou que se extinguiram, enquanto minha opinião é de que há pelo menos mais dois modelos escondidos no Brasil! Em breve, teremos novidades sobre o Cord 812 do Pardal: estamos na trilha dele! Muitos dizem que o Cord do Pardal pertenceu à Carmem Miranda, e que foi exportado nos anos 80. Eu tenho ressalvas sobre o tema: primeiro, porque o Cord dela era um 812 Beverly, e só sobraram Westchesler (sem bundinha do porta malas) no Brasil. Segundo, que pode ser que o Cord do Pardal ainda esteja com o filho dele.
Há outro Cord 812 que gera muitos boatos: O conversível do Roberto Lee, que ainda segue uma incógnita. Um relato é de que o carro foi tomado de posse por um tal delegado de SP, já que o carro ficara abandonado em uma oficina após a morte do patrono. Outros, dizem que este tal vendera o Cord para os EUA, enquanto outros afirmam ser o conversível vermelho. O que sei é: Não encontrei o carro no exterior pelo número de motor que consegui na ficha de tombamento no Condephaat. Possível que ainda esteja no Brasil.
Curiosamente, as variações do Cord também chegaram firmes ao Brasil: Os Graham Paige Hollywood e Hupmobile Skylark. Ambos os modelos, usavam as sobras das carrocerias dos 810/812, sendo produzidos entre 1940 e 1941 pela concorrente americana. Conhecido do público, há o Graham Paige Hollywood 1941 da coleção do Roberto Lee, peculiar por ter os faróis adaptados nos pára-lamas, ao invés de serem os originais saltados para fora, junto à grade. Além dele, há por aqui um modelo da Hupmobile, em fase muito ruim. Não obstante, soube que um Hollywood, todo original, acabou de desembarcar por aqui!
No blog Antigos Verde Amarelo há uma incrível cobertura com fotos de época sobre vários modelos Cord, Graham Paige e Hupmobile. Recomendo uma pesquisa e uma leitura com muita calma por lá, pois a fonte de conhecimento é excelente! Alguns exemplos:
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O Galpão Secreto Do "museu Paulista De Antiguidades Mecânicas" - Roberto Lee, Caçapava/sp, Por Volta De 1990.
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1937 Cord 812 Supercharger Sportsman
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Senhores, sobre excelente registro enviado pelo amigo JP Gazineu: vemos o Auburn Speester que pertencera ao bisavô dele, no antigo estado da Guanabara (atual UF do Rio de Janeiro). Fantástico automóvel esportivo americano que passou por nossas terras...
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