O valor de um compromissoTexto: Gustavo do Carmo / Foto: Divulgação A Honda mostrou que é preciso ter boa vontade na hora de atualizar os seus carros. E fazer alguns sacrifícios que veremos adiante. Ao contrário das reestilizações meia-boca das tradicionais montadoras de origem européia atuantes no Brasil e a exemplo da sua conterrânea Toyota, os japoneses provaram que têm intenção de atualizar os seus modelos e deixá-los em sintonia com o que é oferecido no exterior. A prova é a segunda geração do monovolume compacto Fit, apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo e que começa a ser vendido no país a partir desta segunda-feira.
O Fit está maior, mais encorpado e com traços mais modernos, mas sem perder a identificação com o modelo anterior, lançado em 2003. A aparência de monovolume aumentou, tanto externa quanto internamente. Por fora, destaque para a área envidraçada, como o pára-brisa, os vidros-vigia dianteiro e traseiro e o vidro traseiro. Faróis e lanternas também cresceram. Estas últimas, junto com a linha ascendente das janelas, deixaram o Fit com cara de Mercedes Classe A (o novo, importado, e não o nacional fabricado em Juiz de Fora). O comprimento cresceu de 3,83 para 3,90 metros, a distância entre-eixos saltou de 2,45 para 2,50m, a altura de 1,52 para 1,53m e a largura, 1,67 para 1,69m.
Por dentro, um novo painel com console e quadro de instrumentos redesenhados. O estilo é tão arrojado que os comandos do ar condicionado ficam centralizados em um círculo ao lado do volante, aproveitado do Civic. Para proporcionar melhor visibilidade e posição de dirigir o painel foi levemente rebaixado. Só que a sua qualidade de acabamento caiu um pouco, mas melhorou no revestimento das portas. O espaço interno também cresceu. O chamado sistema ULT, que permite o rebatimento do assento traseiro para transportar cargas mais altas, continua na nova geração com as suas 10 combinações de arranjo. A novidade é a reclinação do encosto bipartido e a não-necessidade de retirar o encosto para rebater os bancos. O porta-malas agora comporta 384 litros de bagagem contra os 353 litros do anterior.
As opções de cilindrada do motor foram mantidas, só que os blocos ganharam novidades. O 1.4 Flex ganhou comando variável de válvulas (i-VTEC), que agora são dezesseis (quatro por cilindro), passando a render entre 100 e 101 cavalos de potência a 6.000 rotações por minuto (respectivamente gasolina e álcool) e 13 kgfm a 2.400 rpm de torque para ambos. O antigo rendia cerca de 80 cavalos. Já o 1.5 passa a ser Flex. Já era 16v e iVTEC. Agora rende 115 cv de potência com gasolina e 116 cv com álcool, a 6.600 rpm. Houve um acréscimo de dez cavalos. O torque máximo agora é de 14,8 kgfm a 4.800 rpm. Segundo a imprensa, o desempenho com as duas motorizações melhorou, mas não tanto. O que evoluiu bastante foi a estabilidade. O bocal extra de gasolina para o reservatório de partida a frio permanece.
O que não resistiu foi o câmbio automático CVT, de variação contínua, que permitia uma relação quase infinita de marchas. A desculpa oficial da Honda é que a transmissão mostrou-se incompatível com o álcool. Mas me parece que foi um sacrifício para não encarecer o projeto do New Fit e viabilizar o seu lançamento em nosso país apenas um ano depois do Japão (já falei dele no ano passado no fotolog antigo). Em seu lugar entrou um câmbio automático convencional de cinco marchas com borboletas no volante na versão top de linha.
O estrangeirismo que eu cometi acima não foi culpa minha. A própria montadora o está chamando de New Fit, da mesma forma como chama o Civic. Assim sendo, o New Fit está disponível em quatro versões de acabamento: LX e LX-L com motor 1.4 e EX/EX-L 1.5. Acaba o pontinho vermelho ou azul no logotipo para diferenciar o motor.
O LX já vem bem completo de série com ar-condicionado, direção com assistência elétrica, airbag duplo, computador de bordo com funções de consumo médio e autonomia, vidros, travas e espelhos retrovisores com acionamento elétrico, travamento automático da porta a 15 km/h, comando de abertura das portas integrado à chave, banco do motorista com regulagem de altura, cinto traseiro central de três pontos retrátil, rodas de alumínio de 15 polegadas com pneus 175/65, entre outros. O L extra adiciona freios a disco nas quatro rodas com ABS (antitravamento) e distribuição eletrônica (EBD) e CD Player com MP3 e entrada para fone de ouvido.
O EX é um LX-L com motor 1.5, rodas de 16 polegadas, pneus 185/55 e mais ar-condicionado digital, piloto automático, acionamento automático do limpador traseiro quando engatada a marcha ré, bancos revestidos em veludo e espelhos retrovisores com repetidores de direção. Assim como o LX, o L do EX é um mero pacote opcional, neste caso com bancos em couro, faróis de neblina e a tal borboleta do câmbio no volante.
O ponto mais fraco do New Fit é o seu preço, que teve um acréscimo de cerca de cinco mil reais. A versão LX custa R$ 52.340, já com pintura metálica ou perolizada incluída. Com câmbio automático, esta versão sai por R$ 56.230. O EX-L automático chega a R$ 69.750 e consegue ser mais caro do que o Civic LXS básico, que é vendido por R$ 65.460.
Só para efeito de comparação com seus dois maiores concorrentes, o Chevrolet Meriva Joy 1.4, que é até bem equipado, custa R$ 45.790, enquanto o Fiat Idea ELX de mesma cilindrada, já menos equipado, sai por cerca de 42 mil reais.
Outros preços do Fit: LX-L Manual - R$ 56.270, LX-L Automático - R$ 60.160, EX Manual - R$ 60.020, EX Automático - R$ 63.920 e EXL Manual - R$ 63.860.
A Honda não precisava ter encarecido o Fit assim, mas vale a pena pagar mais por um carro moderno e bem equipado de uma montadora que respeita os consumidores brasileiros ao oferecer carros atuais e não guaribadas no visual. É um exemplo a ser seguido.