Lembra da confusão ocorrida com os antigos preparadores do Lata Velha, no Caldeirão do Huck? Os irmãos Daniel e Juliano Barbosa foram encontrados no estande da Mahindra, no Salão do Automóvel, ao lado de uma picape cabine dupla personalizada pelos próprios. Claro que aproveitaram para trocar uma ideia sobre o que eles fizeram durante este tempo, como andam os processos e os planos para o futuro. Sim, os Manos estão de volta, putos da vida, brigando na justiça e com a garra para reconquistar tudo de novo.
A treta do passado
Para quem não se recorda, os irmãos Barbosa botaram a boca no trombone em maio, com um relato detalhado sobre como o funcionário Mohamed Leandro teria armado um esquema para se apossar da oficina deles. Segundo eles, Mohamed teria passado os dois para trás, vendendo todos os equipamentos (inclusive aqueles que estavam ali emprestados pelos patrocinadores) para depois comprar tudo novo, em seu nome, além de supostamente ter falsificado a escritura da oficina. Mohamed teria passado a ser o “dono” de tudo, deixando os manos com uma mão atrás e outra na frente, sem parceiros e com várias faturas a pagar.
Os manos já foram a quatro das cinco sessões do julgamento contra o Mohamed. Segundo eles, ganharam todas. “Eu consigo provar que o maluco armou contra a minha empresa”, explica Juliano. “Todos os bens do cara já foram confiscados”. Ele também afirma que os processos trabalhistas já deram conta de tudo que havia na oficina e que só falta mesmo Mohamed ir parar na cadeia por falsidade ideológica e falsificação de documento.
Os rapazes estimam um prejuízo beirando um milhão de reais em contratos de patrocínio que tiveram que ser cancelados. “Nosso maior medo não era perder os equipamentos; era perder a credibilidade”, fala Juliano. No fim das contas, o Luciano Huck apareceu na jogada para dar uma força de um jeito peculiar. “Ele falou ‘quanto que é?’ e eu ‘quanto que é o que?’. Ele queria ajudar com o próprio bolso e nós não quisemos. ‘A gente não acha justo você pagar pelo erro dos outros’, eu falei pra ele”, explica Juliano. O jeito encontrado foi que os Manos pegassem um serviço para o Luciano, uma Kombi, e começassem a reorganizar uma oficina com o sinal pago pelo apresentador.
O recomeço
Outro telefonema rendeu novas oportunidades. Era a produção do Programa do Gugu, da Record. “Foi triste eu estar no telefone com a produção do Gugu para fazer o Chevette e olhar para trás e não ter uma ferramenta”, lembra Juliano. Mesmo assim eles aceitaram o trabalho e correram atrás de parcerias - em sua maioria, fornecedores de peças, equipamentos e materiais. Boa parte deles reatou o contrato com os dois.
A oficina nova não tem 1700 metros como aquela da época do Lata Velha. Agora cabem apenas dois carros, e a foto da fachada aí em cima dá uma ideia de como o espaço é pequeno, mas eles não desanimaram. Nos cento e poucos metros que possuem agora, os três (Juliano, Daniel e o fiel Charles, com eles "desde sempre"), estão fazendo o que mais gostam de fazer. “A gente nunca teve a visão ‘vou ser artista’. A gente tem a consciência de que somos profissionais da reparação”, explica Juliano. Já existem planos para voltarem a trabalhar em um lugar maior e poder contratar mais funcionários.
O segundo trabalho foi a picape da Mahindra, que está em exposição no Salão do Automóvel. Novamente, os dois colocaram o telefone para funcionar e foram atrás dos parceiros do passado. Com peças de primeira, conseguiram montar um carro ainda mais bacana do que o dinheiro do serviço poderia cobrir. “Ficou melhor pra todo mundo. Ficou mais barato para eles, e nós conseguimos fazer um carro muito melhor”, garante Juliano.
É desta maneira que eles querem seguir daqui para frente, realizando trabalhos para empresas. Na época do Lata Velha eles precisaram recusar alguns serviços, já que as restaurações do programa tomavam muito tempo. Um trabalho para personalizar dois caminhões para a Mercedes no valor de R$ 700 mil e um ônibus salão de beleza e escola no valor de R$ 300 mil foram algumas das abdicações que tiveram que fazer para dar atenção ao Caldeirão do Huck, que trazia maior visibilidade.
Para o futuro, eles querem voltar a ter uma oficina grande, com muitos funcionários – uma família. Os dois disseram ter um acordo com o Sesi para um curso, onde irão preparar um carro do zero junto com os alunos. A briga no tribunal continua, inclusive contra a Globo, mas o trabalho na oficina não vai parar mais. Mesmo não sendo fã de tuning, é bom ver que estes caras se recuperaram do baque e que a justiça tarda mas não falhará!