Até o ano passado, era a falta de troca de posições nas corridas da F-1. Agora, a reclamação de pilotos e equipes é o excesso de ação.
A maior responsável por isso é a Pirelli, nova fornecedora de pneus da categoria.
Como os compostos da empresa italiana se desgastam muito mais do que os usados até o ano passado da Bridgestone, o número de pits stops aumentou consideravelmente.
No domingo, no GP da Turquia, vencido por Sebastian Vettel, da Red Bull, foram 82 trocas de pneus, um novo recorde na F-1. O vencedor, por exemplo, teve de parar nos boxes quatro vezes para poder completar as 58 voltas.
"Acho que, para os pilotos, o mais complicado é o fato de o desgaste dos pneus ser muito diferente de pista para pista, o que dificulta o nosso entendimento", afirmou Vettel, que lidera o Mundial de F-1 com 34 pontos de vantagem sobre Lewis Hamilton.
"Mas quem sofre mais são os torcedores nas arquibancadas. Depois da primeira parada, você tem pit stops a cada dez ou 15 voltas, e aí fica impossível de acompanhar a corrida, especialmente porque nem todo mundo está seguindo os três primeiros", completou o campeão.
No ano passado, a média de paradas nos boxes era de 25 vezes por corrida em condições normais (sem chuva).
Neste ano, após quatro etapas, o número subiu para 62 por prova _um aumento de 148%. Estatística que surpreendeu a própria Pirelli.
"Nós esperávamos uma parada a menos. Achamos que foi uma exceção, e a ideia é voltar a, no máximo, três pit stops por corrida a partir de agora", falou o diretor esportivo, Paul Hembery.
Além da dificuldade em acompanhar as provas, até mesmo para os pilotos, que precisam estar em constante contato com os engenheiros, outra consequência direta disso é a maior possibilidade de erros durante as paradas.
Com os mecânicos tendo de fazer seis ou oito pit stops em vez dos dois que faziam até o ano passado, em média, a chance de erros ou problemas cresceu muito.
Quem mais vem sofrendo com isso, por enquanto, é Felipe Massa. Na Malásia, segunda corrida do ano, uma falha na pistola durante seu pit fez com que ele perdesse a chance de lutar pelo pódio.
Domingo, a situação foi ainda pior. O brasileiro teve problemas em três de suas quatro paradas. Foi o 11º.
Massa gastou 1min33s500 em seus quatro pit stops. Seu companheiro de Ferrari, Fernando Alonso, terceiro em Istambul, também parou quatro vezes e precisou de 1min26s121 para as trocas.
Para Rubens Barrichello, há outro problema. "Damos três voltas no limite, e os pneus começam a se degradar. Passamos 75% da corrida gerenciando o desgaste e só o resto como pilotos."
(Folha de São Paulo)
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