COMPARATIVO - HATCHES COMPACTOS 1.0

Este 2012 que está terminando marcou a entrada de três novos hatches compactos no mercado brasileiro. Dois são de marcas asiáticas que estão estreando no segmento, saindo de novas fábricas construídas no interior paulista. O Etios, da japonesa Toyota, nasce em Sorocaba e o HB20, da sul-coreana Hyundai, vem de Piracicaba. O terceiro modelo sai do Rio Grande do Sul e é de uma marca tradicional: o Chevrolet Onix, que foi lançado para substituir o Corsa.

Para fechar este ano bem produtivo para os comparativos do Guscar, "juntei" estes três lançamentos com os dois mais vendidos do mercado: o eterno líder Volkswagen Gol, parcialmente renovado em 2012, e o Fiat Palio, reestilizado no ano passado. Para comemorar, o desafio é especial, em rodada dupla.

Primeiro, depois desta introdução, você lerá a classificação destes cinco modelos nas versões 1.0, com exceção do Etios, que é 1.3, a sua menor capacidade cúbica. Em outro post mostrarei a classificação com motores maiores dos mesmos compactos, que variam de cilindrada: Palio e Onix com 1.4, o Toyota com 1.5 e Gol e HB20 com 1.6, sendo que o Hyundai tem dezesseis válvulas nos cilindros. Depois, somarei os pontos para ver quem é o melhor nas duas frentes.

O Palio venceu o primeiro comparativo do ano, com os concorrentes um pouco maiores do que ele (Fox, Sandero, Agile, JAC J3 e Nissan March, o único de porte semelhante). Sua versão sedã, o Grand Siena, levou a melhor na disputa entre os sedãs compactos premium. Em comum entre os dois é a versão considerada: a Essence, com motor E.TorQ 1.6 de 16 válvulas.

Já a versão Attractive não é mesmo a mais recomendada para a linha Fiat. O Grand Siena nesta versão, com motor 1.4, ficou em quarto em novo comparativo, com modelos mais baratos. Por sua vez, o Palio 1.0 terminou em quinto e último. E ele só existe nesta versão.

O calcanhar-de-Aquiles do Palio é o motor Evo 1.0, usado também no Uno. Com 75 cavalos quando movido a álcool e 73 cv com gasolina é o mais fraco dos cinco. O resultado é a aceleração de 0 a 100 km/h em demorados 18,3 segundos e retomada entre 80 e 120 km/h também em eternos 39 segundos. Números que deixaram o Fiat comendo poeira. O ruído também é o mais alto: 63,8 decibéis a 80 km/h.

O consumo de 7,9 km/l na cidade e 10,6 km/l na estrada só não foi o pior porque empatou tecnicamente com o Chevrolet Onix. Todos esses números são da revista Quatro Rodas e os de desempenho e consumo foram obtidos com álcool (ou etanol, pra quem prefere o termo) no tanque. A frenagem a 80 km/h é concluída em 31,6 metros, dez centímetros pior que o Hyundai HB20. Novo empate técnico.

O porta-malas de 280 litros tem a mesma capacidade do Onix. Ambos com cinco litros a menos que o Gol e no terceiro lugar. O número de concessionárias volta a definir o item de assistência técnica. E a Fiat (580) fica sempre atrás das 600 revendas da Chevrolet e das 619 da Volkswagen. O acabamento também é mediano. É bom no painel, mas muito espartano nas portas. Está atrás do HB20 e do Onix.

As linhas arredondadas do Palio só não são mais atraentes, modernas e originais que a escultura fluída do Hyundai. O espaço interno também é muito bom. Perde apenas para o Toyota Etios.

O Palio Attractive 1.0 é o mais barato equipado com pintura metálica, ar condicionado, trio elétrico, som com MP3 e Bluetooth, itens opcionais. Custa R$ 33.763. Pelado, sai por R$ 28.440 e só traz de série computador de bordo, direção hidráulica e faróis acesos com temporizador, para falar dos itens mais importantes. É barato mesmo com alguns opcionais, mas é mal equipado quando básico.

4º Volkswagen Gol 1.0



O quarto lugar do Gol comprova que os veteranos e líderes do mercado ficaram para trás neste comparativo. O Volkswagen ainda se manteve à frente do Palio.

As mudanças do motor 1.0, que agora se chama TEC, beneficiaram bastante o consumo de álcool, que é o melhor deles (8,2 km/l na cidade e 12,6 km/l na estrada), mas não deu fôlego ao carro, que só superou a potência (72/76 cv) e o desempenho (aceleração de 0 a 100 em 16,6 segundos e retomada de 80 a 120 em 27,9 segundos) do Palio. O ruído de 61,5 decibéis também é elevado e só não é pior que o Fiat.

A frenagem, depois do consumo e da maior rede de concessionárias da Volkswagen (619), é um dos melhores resultados do Gol. Ele para após os 80 km/h em 30,7 metros. Ficou tecnicamente empatado com o Onix na segunda posição, atrás do Toyota Etios.

O porta-malas de 285 litros só é cinco litros maior que o do Palio e do Onix, mas ficou em segundo, perdendo apenas para os 300 do Hyundai HB20. O acabamento é mediano. Bom na montagem dos materiais, mas de aparência muito simples. Empatou com o Palio. Já o espaço interno é o mais apertado, principalmente para a cabeça.

A lista de equipamentos é o outro item fraco do Gol. Básico ele custa R$ 27.990. Vem de série com vidros dianteiros e trava elétricos, melhor que o Palio, que só traz a direção hidráulica e computador de bordo. Mas a assistência da direção do Volks é opcional. Com o nível de equipamentos semelhante ao do Palio, como pintura metálica, ar condicionado, trio elétrico e som com MP3 e Bluetooth, o preço sobe para R$ 34.662, que o deixa em segundo lugar neste item, empatado tecnicamente com o Onix, 22 reais mais barato.

A nova frente, lançada em agosto, deixou o Gol atualizado, uniformizado até com os modelos mais caros. Em novembro, ele ganhou versão duas portas, inédita nesta real terceira geração e mil reais mais barata. Mudanças que entregaram a idade da sua carroceria, de 2008, a mais antiga delas. Mesmo assim, ainda é mais atraente que o Toyota Etios. Opinião pessoal.

3º Toyota Etios XS 1.3



O novato Toyota Etios é um carro controverso. É o mais feio e com o acabamento mais pobre dos cinco modelos comparados. Mas o japonês tem as suas qualidades, que são muitas.

A primeira delas é o motor. Sem opção de 1.0 litro, o Etios é o único 1.3 desta turma. Por isso, leva vantagem na potência, com 90 cavalos movido a álcool. Com gasolina, só chega aos 84 cv. E essa vantagem foi aproveitada no desempenho, com aceleração de 0 a 100 km/h de 12,8 segundos e retomada de 80 a 120 km/h em 19,3 segundos. Frenagem de 26,5 metros a 80 km/h e nível de ruído de 59,8 decibéis também são os melhores. Ele também é o mais espaçoso, tanto para as pernas quanto para a cabeça.

O porta-malas, porém, é o menor, com 270 litros. O consumo é mediano. Percorrendo 8,7 km/litro na cidade e 11,2 km/l na estrada, ficou em terceiro lugar. A garantia é de 3 anos, mas como o que conta é o número de concessionárias, a Toyota só supera a Hyundai (132 a 120).

A versão do Etios escolhida para a comparação é a XS, pois é a única que tem ar condicionado, direção hidráulica e vidros/travas elétricos. Custa R$ 38.790 e também traz airbags frontais e freios ABS com EBD. A assistência da direção é elétrica. O Etios, no entanto, fica devendo retrovisores elétricos e computador de bordo. A versão básica custa R$ 29.990 e só traz os airbags. Há também a versão X, que adiciona os freios ABS e a direção elétrica. É vendido por R$ 33.490 e R$ 36.190 com ar condicionado. O Toyota Etios é um carro caro e razoavelmente equipado.

O japonês de Sorocaba foi o que venceu mais itens: cinco. Mas os seus defeitos o levaram para a mediocridade do terceiro lugar.

A Hyundai arregaçou as mangas, rompeu com a sua importadora e construiu uma fábrica em Piracicaba para fazer um compacto exclusivo para o mercado brasileiro com a intenção de arrasar a concorrência. 

Só não esperava que a Chevrolet faria um adversário de igual impacto, o Onix, que acabou o superando por três pontos. E se o comparativo fosse por número de vitórias, perderia para o Toyota Etios. 

De fato, as três vitórias foram mesmo um arraso: o estilo de linhas fluídas da carroceria (quase uma miniatura do médio i30), o acabamento com aparência de carro mais luxuoso (mas com muito plástico na versão 1.0) e o porta-malas de 300 litros. 

A lista de equipamentos é a segunda melhor. A versão básica Comfort, por R$ 31.990, já traz de série ar condicionado, airbags frontais, computador de bordo e direção hidráulica. Para ter vidros e travas elétricos é preciso optar pela versão Comfort Plus, que custa R$ 33.995. O rádio com comando no volante é opcional nas duas primeiras versões. Na Plus o preço aumenta para R$ 34.990 e R$ 36.035 com pintura metálica. Com esse preço, o Hyundai ficou na quinta colocação no item. Em relação aos equipamentos só perdeu para o Onix porque a Plus não tem freios ABS de série, exclusivos da Style, que custa R$ 37.995 e também traz retrovisores elétricos e rodas de liga-leve. Aí ele já ficaria mais caro.


Se o Toyota Etios tem a exclusividade do motor 1.3, o HB20 não deixa de ter a sua peculiaridade. É o único com motor 1.0 de três cilindros, o mesmo do Kia Picanto, apostando num novo conceito de economia e racionalidade para o futuro.

No consumo, o novo bloco pode até ter conseguido parte do objetivo. Ficou em segundo na soma dos percursos em cidade (8,3 km/l) e estrada (11,8 km/l), superado apenas pelo Gol. Como a diferença foi de mais meio quilômetro (20,1 contra 20,8), NÃO declarei empate técnico.

Mas na força é um pouco fraco. Obteve os mesmos 80 cavalos de potência com álcool do Onix, mas com gasolina ficou três cavalos abaixo que o rival (75 a 78 cv). No desempenho os dois empataram no segundo lugar. Enquanto o Chevrolet ficou com a segunda melhor aceleração de 0 a 100 km/h (14,8 contra 15,4 segundos), o HB20 deu o troco na retomada de 80 a 120 km/h (24 contra 27,1 seg.). Ambos ficaram atrás do Toyota Etios.

O nível de ruído de 60,8 decibéis a 80 km/h é mediano, ficando em terceiro lugar. Mesma situação do espaço interno. Já a distância de frenagem é muito alta, com 31,5 metros. Melhor apenas que o Palio e ainda assim por dez centímetros.

Separada do grupo CAOA, importador da Hyundai, a rede de concessionárias exclusivas para o HB20 tem apenas 120 pontos. É o que conta pontos, Em compensação a garantia é de cinco anos.

Demorou para um projeto brasileiro com a plataforma GSV da General Motors encantar. O Sonic é mundial. O Agile ainda usa a estrutura do Corsa de 1994. E a Spin e o Cobalt são carros de estilo sem sal e mal acabados. Mas o Onix, destinado a substituir o Corsa, conseguiu. E venceu o comparativo. 

O seu estilo e o bom acabamento já eram notáveis à primeira vista. Mas analisando com mais profundidade, descobrimos outras qualidades. A primeira delas é o nível de ruído de 59,8 decibéis a 80 km/h, exatamente igual ao Toyota Etios. 

A partir daí o Onix ganhou seis segundos lugares. O tão bem falado acabamento, o único com painel digital, ficou em segundo, atrás do Hyundai HB20. O motor, agora chamado SPE/4, tem 80 cavalos com álcool (a mesma potência do HB20) e 78 cv com gasolina. Entre os 1.0 é o mais potente. Só foi superado pelo 1.3 do Etios. No desempenho, esta situação também se repetiu, mas o Onix empatou com o Hyundai. Teve a segunda melhor aceleração (14,8 segundos), mas o coreano-paulista foi melhor que o Chevrolet na retomada (24 contra 27,1 seg.). A frenagem de 30,6 metros, empatada tecnicamente com o Gol, de novo foi superada pelo Etios.

As últimas segundas melhores colocações do Onix estão relacionadas ao custo-benefício e assistência. A Chevrolet tem 600 revendas, 19 a menos que a Volkswagen. Os R$ 34.660 pedidos pela versão LT com ar condicionado (opcional) e pintura metálica só são mais caros que os R$ 33.244 do Palio. Se o comprador quiser levar junto a maior atração do novo Onix, o sistema multimídia My Link, com tela sensível ao toque, vai pagar R$ 35.840. Aí ele só fica mais barato que o Toyota. Pedindo só o gadget eletrônico, o preço fica em R$ 33.740. Mas é melhor andar no fresquinho do que ficar se distraindo no trânsito...

A lista de equipamentos de série do Onix LT 1.0 é a mais completa. Direção hidráulica, volante e coluna de direção com regulagem de altura, vidros e travas elétricos, freios ABS com EBD e airbags frontais, citando os mais importantes. Só faltaram os retrovisores elétricos, exclusivos do LTZ 1.4. 

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