Onde foi parar a paixão pelos carros na indústria automobilística brasileira?
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Onde foi parar a paixão pelos carros na indústria automobilística brasileira?



A pergunta no título é meio grande, mas há algum tempo eu já venho pensando nisso e, assistindo à um vídeo de meses atrás na Garagem do Bellote, o apresentador Renato me deixou ainda mais pensativo ao falar de carros que eram o sonho de consumo dele quando adolescente.

As grandes marcas estabelecidas hoje aqui no Brasil, mal tratam da paixão pelo carro. Se preocupam mais com a funcionalidade.

Eu acho que na minha adolescência, o único carro que ficou marcado para mim foi o Honda Civic Si. Mas se eu sair só do meu gosto, não temos muitos outros carros icônicos. Talvez à altura do nipônico, só mesmo o seu rival Volkswagen Golf GTI.

Meu pai e os primos dele falam do Ford Galaxie, dos Dodge Dart e Charger, VW Gol GTi, Escort XR3, Vectra e Kadett GSi e tantos outros carros dos sonhos de suas infâncias ou quando adolescentes e que - alguns um pouco mais tarde - eles puderam dirigir.

E mesmo sobre o modesto Fusca, que tem seu alto valor histórico na indústria automobilística mundial, os paizões e tiozões (não se ofendam, vocês são fodas) de hoje tem histórias legais para contar.

E hoje, hein? Sim, ainda temos Civic Si e Golf GTI. Carrões! Só que desde a década passada, eles são mais caros do que os ícones de antigamente eram na época deles, creio eu. Proporcionalmente falando, é claro. Todo mundo fala do tio que tinha um Chevrolet Opala no qual um dia deram uma volta, mas quantos hoje tem um tio que tem um Ford Fusion? Ou mais ainda... um Chevrolet Camaro! Pois só apelando aos importados para ter algo de cair o queixo, já que aqui estou tratando da nossa indústria automobilística.

Sem falar que antigamente carro era investimento, como dizem as pessoas da época. Hoje devem dar ainda mais despesas e desvalorizam horrores. É a obsolescência programada: você tem que comprar a linha que sair daqui a 3 anos, com aquele sensacional traço diferente na parte inferior da grade dianteira. E normalmente depois de, no máximo, 100.000 km rodados ou não muitos anos, você nem vai querer mais vê-lo na sua frente, de tantos problemas que vão aparecer, mesmo fazendo manutenção preventiva. Já os Opalões estão aí até hoje, inteiros - se bem cuidados, é claro.

E por falar no Opala, nos tempos áureos a Chevrolet oferecia personalização - de verdade - e preparação de fábrica! Podia trazer desde um veneno de leve sob o capô ou uma suspensão mais bem trabalhada, à um body kit para deixá-lo com ainda mais cara de mau.

E eu pergunto, de novo: e hoje, hein? Hyundai Veloster? Quem gosta e entende de carro mesmo, pelo menos aqui no Brasil (atenção no detalhe do país), não compra isso. Serve só para quem quer chamar atenção mesmo (design sensacional, cá entre nós), mas é manco ao ponto de perder para um Fox 1.6 - se for pegar esse Fox Pepper com mais 20 cavalinhos e 6ª marcha então, pobre Slowster. É um carro que pesa 1.170 kg, puxado por um motor de 1.6 litro que, na melhor das hipóteses, assim, sendo generoso mesmo, rende 120 cv de potência, com um câmbio não muito ágil. E a tecnologia usada no motor é razoavelmente boa, até. Se aqui no Brasil eles vendessem a versão turbo do sul-coreano como o fazem em outros países, aí sim, eu tiraria o meu chapéu - e arrumaria uma transmissão manual pra ele.

O "esportivo" mais modinha do Brasil, fica atrás de sedãs maiores, que são carros mais de família (amo o Toyota Corolla na maioria de suas gerações, diga-se de passagem... coisa rara hoje em dia!). E não vale o que cobram nele, de jeito nenhum.

Hoje, qualquer marca anuncia versão esportiva de tal carro (que normalmente é um hatch pequeno ou médio) com o que de especial? Um adesivo lateral. Uau! Cadê o diferencial? Pelo menos um filtro de ar esportivo podiam colocar, poxa. Senão, uma reprogramação de leve na injeção eletrônica, deixando-o um pouquinho mais nervoso, sem comprometer a durabilidade do motor.

Eu quero um bom número de carros para, um dia, se eu tiver filhos, dizer a eles "na época do papai, esse e aquele carro eram o máximo!"

É meio... sei lá, irônico. Porque se parar pra pensar, antes da década de 1990, antes das grandes importações, nem tínhamos grande variedade. Hoje, com tanta variedade... é tudo igual. O que há de mais legal, é importado e normalmente bem caro, com os nossos altos impostos e lucro abusivo das montadoras.

Ou seja, hoje, os carros legais são os verdadeiros superesportivos. Antigamente, eles já existiam... oh, e como existiam! Mas você não precisava recorrer à eles para fazer seu coração bater mais forte.

Não estou dizendo que os carros de hoje são necessariamente ruins. Não. Temos muitos carros excelentes! E - quase - sempre é gostoso dirigi-los. Mas quantos despertam paixão? Poucos. Falta personalidade, Menos padronização, por favor. Os carros podem ter aquela referência da marca, mas não precisam ser tão iguais.

Tenho alguma razão ou estou sendo muito ingrato?


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Um abraço!
Paulo Vitor




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