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Retrômobilismo #107: quando os soviéticos começaram a invadir o Brasil com o Lada Laika

A Lada começou a chegar ao Brasil junto da Alfa Romeo, ainda em 1990, ano em que os importados finalmente começaram a ganhar as ruas brasileiras. Porém, quem esperava tecnologia ao ver o Laika tinha uma certa decepção. Porém o Lada era muito mais em conta e foi considerado o automóvel mais em conta no Brasil. O nome era o mesmo da cadela que foi ao espaço em 1957 pelos soviéticos, da raça Kudriavk que não teve sorte para chegar ao espaço. O Laika era vendido nas carroceria sedã e station, e o sedã era baseado no Fiat 124, o Lada 1200 foi lançado na então União Soviética em 1970. O pequeno sedã -- que logo ganhou a companhia de uma station wagon, tinha a função de ser um veículo acessível e robusto. Cumpriu essa missão tão bem que, mesmo sem ser atualizado de maneira significativa (as poucas mudanças que diferenciam o modelo inicial, de código VAZ-2101, do atual, o VAZ-2107, ocorreram nos conjuntos ópticos), acumulou fãs e vendeu mais de 16 milhões de unidades no mundo e no Brasil, onde chegou em 1990, foram cerca de 33 mil.

O Laika Sedan era o carro mais barato da marca soviética no mercado brasileiro e foi muito aceito principalmente por taxistas, que gostavam de seu espaço interno, baixo consumo e custo de manutenção, quando tinha. Algumas concessionárias pecavam bastante e algumas chegavam até mesmo trocar de motor, como aconteceu com a revista Quatro Rodas no teste de 60.000km, conhecido hoje como Longa Duração. No design, nenhum encanto. O Laika tinha linhas retas da década de 60, e assim como o design, a mecânica também era defasada. O Laika lembrava um pouco o Chevrolet Chevette e Ford Corcel II em sua mecânica. Com motor dianteiro, eixo cardã, tração traseira, suspensão dianteira independente com freio a disco e traseira com eixo rígido e barra Panhard. O motor que equipava o russo era o 1.6 8v que desenvolvia 72cv de potência e torque de 11,8kgfm, acoplado a um câmbio manual de 5 marchas. Com quase 1.000kg, o Laika acelerava de 0 a 100km/h em cerca de 16 segundos e velocidade máxima de 145km/h

O consumo ficava na casa dos 10,8km/l na média entre cidade e estrada. Apesar do nome Laika, na traseira o nome do russo era estampado pelas siglas "2105", nome do modelo vendido na Rússia. No interior, o Laika se destaca pelo seu volante fino e por oferecer apenas o básico no quadro de instrumentos: velocímetro, voltímetro e marcadores de combustível e temperatura. O volante causa estranheza. Muito fino e grande para os padrões e gostos do consumidor da época e da posição do contato, relatada que era bem incômoda. Entre os itens de série, o Laika oferece regulagem dos faróis e cinto de três pontos no banco traseiro como principais diferenciais entre os nacionais. Considerado o quatro portas mais barato vendido no Brasil, o Laika media 4,13 metros de comprimento, 1,62m de largura, 1,45m de altura e 2,42 metros de entre-eixos. Entre os itens de série o Laika oferecia ar quente, vidro térmico traseiro, retrovisor com controle interno, faróis halógenos, lanterna de neblina e acendedor de cigarros. Em 1992 os preços iam de 6.000 a 12.000 dólares em toda a linha Lada. E nesse ano a Lada já tinha 126 pontos de venda, que ajudaram a marca russa a vender 23.500 unidades em dois anos de mercado.

Apesar de custar US$6.850 na época, o Laika Sedan pecava apenas por ter um projeto velho demais. A posição de dirigir não era das mais cômodas, o painel de instrumentos remetia a automóveis da década de 70, mas encantava ao trazer bancos aveludados e itens de série que os rivais tinham apenas como opcional. Na época, foi considerado "imbatível" por oferecer "muito" por pouco. Tinha mecânica simples e robusta mostraram que a má-fama dos automóveis russos e importados iam por água abaixo. Querido pelos taxistas, o Laika Sedan vendeu cerca de 33.000 unidades no país junto da carroceria SW, o que não parece ser muito, mas para a época, com os consumidores receosos de modelos e marcas que invadiam o mercado, o Laika pode ser sim considerado um sucesso de vendas, até por que seus concorrentes eram nada mais nada menos que Chevrolet Chevette Júnior e Fiat Mille. Saiu de cena em 1995, quando a Lada deixou o país precocemente quando as vendas desabaram.
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